Prefeito anuncia cerca de R$ 300 milhões para a realização de 34 obras e reforça preocupação com educação e saúde
Em entrevista exclusiva ao jornal Folha Vale do Paraopeba, Arnaldo Chaves (PP), prefeito de Igarapé, conta do novo “pacotão” de obras para o município. São cerca de R$ 300 milhões para a realização de 34 obras, incluindo a construção de oito escolas, 16 km de pavimentação, um Centro de Tratamento de Hemodiálise, três Unidades Básicas de Saúde e a possibilidade de uma nova Unidade de Pronto Atendimento (UPA), entre outras estruturas. Os recursos são diversos, sendo aproximadamente R$ 90 milhões do Acordo de Reparação com a Vale, mais emendas parlamentares, recursos próprios e verbas do programa Mãos Dadas, do Governo de Minas, para a construção de escolas.
Arnaldo Chaves entende que os avanços na infraestrutura e saneamento básico foram muito importantes para o município nos últimos anos, com novos 60 km de pavimentação e outros 60 km de rede coletora de esgoto — “uma demanda antiga, que só conseguimos ganhar a partir de um trabalho forte em cima da Copasa”. O comerciante e pai de três filhos reforçou os investimentos na educação de sua gestão, como a entrega dos kits escolares e uniformes. “Muitos chegavam sem um calçado ou uma roupa adequada porque não tinham condições. Quando a gente distribui uniforme completo com tênis, blusa, short e saia, é uma nova vida, né?”, disse o prefeito que conta com a instalação de ar-condicionado em todas as escolas da rede municipal até o final do ano.
Confira a entrevista completa do prefeito de Igarapé:
FOLHA VALE DO PARAOPEBA: Prefeito, como será o “pacotão” de obras do município?
ARNALDO CHAVES: A gente está estimando em torno de R$ 300 milhões, entre iniciativas que já estão em andamento e iniciativas para esse ano. Muitos são projetos que nós vamos começar a desenvolver. Por exemplo, na Saúde, vamos ter uma UBS lá no Novo Igarapé, que retomamos as obras e iremos entregar ainda este ano. A UBS do Jardim das Roseiras nós adquirimos o terreno e vamos começar esse ano também. Para a UBS Fernão Dias, já temos a área e o recurso, que virá do Estado, já está aprovado, só falta cair na conta.
Identificamos a necessidade e já conversamos com possíveis parceiros para construir um Centro Regional de Hemodiálise. Temos um terreno aprovado para doação a essa entidade que irá construir e operar o centro. Os recursos seriam do SUS, repassados pela prefeitura.
Vamos inaugurar, nas próximas semanas, um Centro de Recuperação com fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional.
Também iniciamos os estudos para uma nova UPA. Percebemos que a nossa já não comporta mais a demanda, ainda que seja recente, menos de 10 anos. Isso foi muito em função dos atendimentos da Covid-19 e agora, também, com os picos de dengue. O “pacotão” é bastante distribuído.
FVP: Quais serão as obras de infraestrutura?
ARNALDO: Em termos de mobilidade e infraestrutura, a gente tem a obra que com certeza é a mais importante desses últimos anos, a canalização do Córrego Fundo, que já conta com recursos da indenização do Acordo de Reparação com a Vale. Então, a gente está começando a primeira etapa hoje (29/01). Já deve ter máquina lá começando a fazer a limpeza, porque essa primeira etapa já está com ordem de serviço e a segunda etapa nós estamos abrindo a proposta de preço da licitação.
Temos também a drenagem da Avenida Miguel Paes, no Resplendor, com a primeira etapa já concluída e uma segunda que a gente precisa fazer para melhorar ainda mais. Mas desde a conclusão da primeira etapa não recebemos mais reclamações. Nenhum comércio sofreu com inundações, como em anos anteriores.
Estamos ainda com um projeto para uma nova alça de acesso à BR-381, que a gente pretende fazer para melhorar o trânsito do centro. Nós prevemos, ainda para este ano, cerca de 15 km de pavimentação e recapeamento. Somando perto dos 60 km de pavimentação desde o início da gestão.
FVP: A construção de escolas também está prevista no “pacotão”?
ARNALDO: Sim. Temos a escola Alda Viana, no Resplendor, que está sendo preparada para ser de tempo integral, com duas quadras nesportivas. E uma nova sede da Escola Municipal Alcino Alves da Rocha, no bairro Cidade Nova, também para o ensino integral. A escola já existe, mas será transferida para uma nova, enquanto a antiga será reformada e será uma escola de educação infantil (EMEI), ou seja, uma creche. Nós temos, já em andamento, a reforma e ampliação da EMEI Alice Palhares, no Padre Eustáquio. Uma nova EMEI no Resplendor, que será a segunda do bairro e outra no Novo Igarapé. Também uma melhoria, com a construção de uma quadra na escola do bairro ,Maracanã. Até o final da gestão, todas as escolas municipais terão passado por algum tipo de reforma ou ampliação. No total, são 8 escolas construídas, uma já entregue ano passado.
O investimento na educação tem sido grande, não só na reforma das estruturas físicas, mas na questão dos profissionais que estão recebendo um acompanhamento e treinamento diferenciado e, principalmente, no cuidado com os alunos. Porque quando a gente fala de reforma de escola não é porque o prédio estava feio, é para melhorar para os alunos. A distribuição de uniformes é outra coisa importante. Muitos chegavam sem um calçado ou uma roupa adequada porque não tinham condições. Quando a gente distribui uniforme completo com tênis, blusa, short e saia, é uma nova vida, né? Além do material, do kit material escolar. E agora todas as escolas terão ar-condicionado, queremos finalizar as instalações até o final deste ano.
FVP: Nos recursos do Acordo de Reparação com a Vale, há também a previsão de obras de esporte e lazer. Poderia citá-las?
ARNALDO: A partir da Consulta Popular realizada, temos mais cinco obras para espaços de lazer e esporte nas regiões do Brejo, Novo Igarapé, Fernão Dias, Pousada Del-Rei e a reforma do CECI. Com praças, campos society.
Além disso, com outros recursos, nós temos a reforma do campo de futebol do Canarinho e estamos construindo uma praça ao lado. No Cidade Nova, tem uma área ao lado da UBS que é uma área arborizada da prefeitura, onde vamos fazer uma “Praça Bosque”. No bairro Aparecida também estamos olhando um terreno para comprar e fazer uma praça para a população.
Estamos montando, também, um anexo do CECI, numa área que existia uma quadra particular no Jardim das Roseiras, onde serão realizadas diversas atividades esportivas para todos os públicos, de crianças idosos. O espaço está sendo reformado e, em março, deve começar a funcionar. Também faremos um parque ecológico no Resplendor, onde existe uma área de preservação com nascente.
FVP: Em termos de novos investimentos na cidade e, também, geração de emprego e renda, o que está sendo realizado?
ARNALDO: Com a revisão do plano diretor e com a nova trincheira na BR-381, estamos vislumbrando novas áreas de expansão industrial.m A gente pretende atrair empreendimentos. Alguns já estão com estudos iniciados e em fase de aprovação, mas ainda não podemos divulgar, pois há sigilo. Temos contato nas áreas de indústria e logística, por exemplo.
Recentemente a Linha Tronco do Gasoduto Centro- Oeste da Gasmig, que já havia sido aprovado pela prefeitura, recebeu licenciamento ambiental com o Estado. Também temos expectativas quanto a isso. E claro, o polo da MRS.
Para o terminal multimodal da MRS, eles continuam o trabalho de campo. Temos notícias de proprietários sendo procurados, por onde deve passar as interferências do terminal, para as desapropriações — que são pagas pela MRS, mas através do poder público. Como eles têm um prazo da assinatura da concessão, que é de 10 anos para finalizar, e estamos no segundo ano, penso que, ao começarem as obras, a coisa vai andar de verdade.
FVP: Igarapé segue com a instalação das câmeras de segurança, como funciona o sistema?
ARNALDO: Sim, nosso Centro Integrado de Monitoramento está 95% concluído
e vamos entregar tudo este ano. São cerca de 250 câmeras ligadas ao sistema Hélios da Polícia Militar. Temos câmeras que você consegue manobrar e buscar imagens conforme a necessidade e até mesmo cadastrar reconhecimento facial. Temos aqui uma central na prefeitura e o monitoramento completo está na sede da Igaratrans. A ideia é fazer um cercamento da cidade com as câmeras em locais estratégicos. Com isso, vamos trazer mais sensação de segurança para o cidadão e também evitar que pessoas mal-intencionadas venham para Igarapé.
FVP: Quanto às questões do trânsito pesado e da própria segurança na BR-381, no trecho de Igarapé. Que tipo de medida a prefeitura tem tomado para melhorar a situação junto à concessionária e aos órgãos responsáveis? Também poderia falar dos planos de interligação com a BR-262?
ARNALDO: Sobre a BR-381, a gente tem feito contatos com a Arteris, no sentido de melhorar a sinalização da rodovia, principalmente nos trechos em obras. A gente percebe que eles não acompanham o final da fila. Somando isso com o descuido de um motorista, a tragédia acontece. O contato é nesse sentido, de sinalização e manutenção.
Também temos trabalhado na proposta de ligar Igarapé a Juatuba, interligando a BR-262 com a BR-381. A gente entrou em contato com a ACISB (Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Igarapé e São Joaquim de Bicas) e fizemos um pedido junto ao Estado para tentar uma solução via Secretaria de Desenvolvimento Econômico, para realizar a interligação.
Abrimos duas frentes, não somente com Juatuba, mas também por Betim. Fizemos uma reunião com o prefeito Vittorio Medioli para pensar propostas, uma que precisaria de uma travessia pelo Rio Paraopeba, mas que não passaria por Juatuba, por exemplo.
FVP: Após a ampliação do tombamento municipal da área da Pedra Grande, como estão os procedimentos para a estruturação do local para o turismo sustentável?
ARNALDO: Nós criamos uma comissão interna que vem trabalhando junto às equipes da Mineração Usiminas. A ideia é que a gente tenha ali um ponto de visitação, pensando pelo aspecto cultural, ecológico e turístico. É um ponto de referência de Igarapé. Já fizemos uma visita com eles no local, no sentido de melhorar a questão do acesso e criar uma infraestrutura mínima para poder receber as pessoas. Foi feita a assinatura de um termo de intenção para investimento na área por parte da mineradora. Agora, estamos aguardando o projeto.
Enquanto isso, temos um plano de manejo da área de preservação. Estamos fazendo estudos sobre o ecossistema que existe alí, o que precisa ser protegido. Essa é outra intervenção que estamos fazendo com a Secretaria de Meio Ambiente, para unir a preservação com a visitação turística.
FVP: O senhor já consegue avaliar os retornos da medida da tarifa única de R$ 2 do ônibus municipal?
ARNALDO: Sim! Já percebemos um aumento importante, algo entre 20 e 30% em relação ao número de passageiros transportados. Com isso a gente também percebeu que precisamos ajustar a planilha de horários. Foi um momento importante, a gente estava precisando aumentar em 60% a tarifa e conseguimos reduzir em 50%.
Estamos resgatando os passageiros. Antes da pandemia, nós tínhamos histórico de 110 mil passageiros transportados por mês, e esse número nunca voltou. Se aumentamos a passagem, a tendência era diminuir mais ainda. Com isso, a gente assume uma parte do valor e temos percebido um saldo positivo.
Com essa mudança, houve um aumento do movimento no comércio local, a própria empregabilidade aumentou, já que reduziu o valor a ser pago no Vale Transporte. Com aumento no movimento de passageiros a gente vê a necessidade também de revisão de quantidades de linhas e possivelmente de itinerários.
FVP: Nestes 3 anos de mandato, quais foram as grandes dificuldades e os grandes acertos?
ARNALDO: Uma das questões mais importantes é o saneamento básico. Nós estamos aí com 60 km de rede coletora, que vai terminar lá próximo do rio, na estação de tratamento, que vai atender tanto o esgoto de Igarapé, quanto o de São Joaquim de Bicas. É uma demanda antiga que a gente tinha e só conseguimos ganhar a partir de um trabalho forte em cima da Copasa. Então estamos resolvendo um problema sério de saneamento, justamente na bacia de Serra Azul, que é um contribuinte de uma das represas que abastece a região. Outro ponto importante foi a infraestrutura nos bairros. Tem lugares que chovia e as pessoas não conseguiam sair, não chegava o ônibus escolar. Também avançamos na parte da simplificação de vários serviços que a gente começou a implementar com o digital, como a aprovação de planta de construção. O acesso à informação e pedidos, a ligação direta com a ouvidoria, cuidando realmente da população.
Também o trabalho, justamente, de organização interna. Com informação mais clara e atualizada a gente tem aumentado os recursos. Por muito tempo se recebeu menos na Saúde porque não se tinha informações reais, atualizadas.
FVP: Quais as expectativas para as eleições municipais deste ano? A chapa irá concorrer à reeleição?
ARNALDO: Nós somos pré-candidatos. Essa nossa decisão tem muito a ver com o trabalho que vem sendo desenvolvido. Na medida que conseguimos avançar com vários projetos, percebemos que vários outros ainda precisam ter sequência. Temos o próprio cidadão nos motivando para dar continuidade no trabalho. A gente tem uma equipe que tem procurado trabalhar para que os resultados cheguem na ponta, na população.