Apesar do benefício, as vendas de Natal podem sofrer uma queda de 27%, comparado a 2019

Um alívio para um setor tão prejudicado pela pandemia. Essa é a estimativa dos comerciantes brasileiros com o pagamento do 13º aos trabalhadores. Isso porque a disponibilização desse valor deve injetar R$ 208 bilhões na economia nacional. Contudo, em valores reais, segundo a estimativa da pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o montante é inferior ao registrado em 2019.

De acordo com os dados, a queda de 5,4% é a maior retração anual desde o início do monitoramento pela CNC, em 2012. E um dos motivos para que isso ocorra é a Medida Provisória (MP)* 936 deste ano, que autoriza a redução do salário proporcional à jornada e a suspensão temporária de contrato de trabalho, com o objetivo de preservar cargos de carteira assinada em meio à pandemia.

Entretanto, apesar do impacto retroativo no cenário econômico, a redefinição das relações de trabalho e do aumento de preços de alimentos, um estudo promovido pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), realizado em parceria com a Offer Wise Pesquisas, demonstra que 32% das pessoas que irão receber o 13º salário irão utilizá-lo em compras de presentes natalinos e 21% pretendem gastar em comemorações na virada do ano. Ao mesmo tempo que 30% afirmam que irão economizar e 21% dos entrevistados na pesquisa disseram que vão utilizar o benefício para contas básicas de casa.

As informações ainda explicam que, neste ano, 54% das pessoas desejam comprar presentes para o Natal, enquanto em 2019, essa marca era de 77%. O desemprego e a falta de dinheiro é uma das principais justificativas dada pelos consumidores. E, ainda, os dados mostram que 84% pretendem pesquisar preços, 45% desejam gastar menos que no ano passado e que 47% irão fazer as compras pela internet ao invés de procurarem a loja física.

O relatório da CNDL demonstra também que, em 2020, é esperado a injeção de quase R$ 38,8 bilhões no setor logístico, por meio de 86 milhões de pessoas realizando compras no fim de ano. Porém essa marca é menor comparada ao mesmo período de 2019, quando, segundo os dados, o valor foi de R$ 60 bilhões.

O presidente da CNDL, José César da Costa, elucida que mesmo num cenário de instabilidade econômica, os setores de comércio sempre mantêm a expectativa que parte dos recursos do 13º se revertam em compras.

“Tradicionalmente o brasileiro utiliza parte do seu 13º para as compras de Natal e para as comemorações de final de ano. Mesmo em um momento atípico, como da pandemia, que acarretou desemprego e insegurança, boa parte dos brasileiros deverão priorizar as compras em dezembro, o que trará uma importante movimentação para a economia do país”, enfatiza Costa.

A pesquisa, realizada entre os dias 14 e 20 de outubro, nas 27 capitais brasileiras, conversou com homens e mulheres, 606 no total, com idade superior a 18 anos, que revelaram a intenção de comprar presentes para o Natal. O resultado apresenta uma margem de erro de 4,0 percentuais, com 95% de confiança.

Betim

Em Betim, a expectativa de vendas segue o panorama nacional. O presidente da Confederação de Dirigentes Lojistas de Betim (CDL-Betim), José Barboza, relatou ao jornal que “o comércio local está vendendo bem. Já havia um pouco de dinheiro circulando antes do 13º. Agora ele chega para somar, junto aos empregos novos que voltaram a crescer. Betim mesmo é um exemplo disso”, explicou o presidente. E continuou. “As pessoas estão investindo e poupando mais o dinheiro, mas no Natal é diferente, todo mundo compra alguma coisa. Então essa época vai ajudar muito os lojistas depois de tudo que eles passaram”, disse Barboza.

José destaca também que é importante, tanto para o cliente quanto para o comerciante, não deixar de lado os protocolos de combate ao novo coronavírus. “As pessoas têm que participar das vendas e das compras seguindo todas as medidas sanitárias de segurança à saúde. Vamos ter que trabalhar com inteligência para durar mais. Ninguém sabe ao certo o que pode ocorrer enquanto existir essa doença, mas ficar em casa e fechar as lojas também é outra doença. Então é trabalhar com cuidado e responsabilidade para vender”, finalizou José.

Cautela

Os dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas também mostram que 54% dos entrevistados pretendem fazer bicos ou outras atividades para garantir as compras de presentes.

Para a especialista em finanças da CNDL, Merula Borges, a utilização do 13º salário deve ser feita com cautela, evitando sobrecarregar o orçamento. “O cenário de incertezas deve servir de alerta para o consumidor, já que a crise gerada pela pandemia deverá acompanhar os brasileiros no próximo ano. O ideal é fugir de parcelamentos longos para não sobrecarregar as contas de início de ano. A dica é pesquisar preços e negociar descontos a vista”, finaliza Merula.

*A CNC cita dados do Ministério da Economia que mostram que, entre abril e agosto foram firmados 16,1 milhões de acordos entre patrões e empregados no âmbito da MP 936, sendo 7,2 milhões de suspensão do contrato de trabalho 3,5 milhões de redução de 70% da jornada.

(Com informações Agência Brasil).

Exit mobile version