Candidato fala em creches até às 19h, construção de hospital municipal e ônibus a R$ 2
Dr. Vinícius (PV) é o candidato a prefeito da coligação “Para fazer Betim Funcionar”. O médico de 39 anos é casado e pai de uma filha. Vinícius Braga Saraiva de Resende foi vereador entre 2013 e 2016, além de vice-prefeito na primeira gestão de Vittorio Medioli, de 2017 a 2020.
Hoje, ao lado de sua candidata a vice, professora Ana Paula (PT), concorre como oposição ao atual governo. A coligação “Para fazer Betim Funcionar” é composta pela Federação Brasil da Esperança (PT/PV/PC do B) e federação Psol/Rede.
Em entrevista para esta edição da Folha Vale do Paraopeba, Dr. Vinícius demonstra acreditar em uma Betim com melhor qualidade de vida. Entre suas propostas para saúde, estão a construção de um hospital municipal e a contratação de especialistas. Para a educação, um dos destaques é a ampliação do horário das creches para as 19h. Dr. Vinícius falou, também, dos problemas da construção de trincheiras nas transposições da linha férrea e de sua preocupação com a terceirização do funcionalismo público.
Folha Vale do Paraopeba: Qual sua principal proposta para a saúde do município?
Dr. Vinícius: Atualmente, cerca de 60% da população desaprova os serviços de saúde. Por isso, pretendemos realizar um concurso público e contratar mais médicos para os postos de saúde, especialmente ginecologistas e pediatras, que estão muito escassos. A demora para conseguir uma consulta, exame especializado ou cirurgia é de anos, e isso me preocupa profundamente. Também propomos firmar convênios com hospitais particulares, clínicas e laboratórios para agilizar essa fila reprimida. Além disso, planejamos a construção de um hospital municipal no Teresópolis. Temos a intenção, também, de voltar com o Icismep. O consórcio funcionava muito bem, exames de endoscopia e colonoscopia, a questão de otorrinolaringologia e oftalmologia, também. Quando a cidade deixa de oferecer alguns serviços e manda os pacientes para fora, o valor recebido via SUS diminui, e toda a saúde cai.
FVP: O que o senhor pretende fazer na área da educação?
DV: A maior parte da educação em Betim hoje é terceirizada. Por isso, vamos contratar diretamente pela prefeitura, através de processo seletivo. Realizaremos concurso público para a área da Educação e retomaremos a escola em tempo integral. Além disso, vamos implantar creches de tempo integral e estenderemos o horário de funcionamento das creches até às 19 horas.
FVP: Quais os planos para o transporte público municipal?
DV: O transporte público é o segundo maior problema de Betim hoje. Vamos implantar uma tarifa social única, de R$ 2, para todo o transporte municipal. Mais de cem cidades do país já aderiram a esse tipo de tarifa e nós vamos fazer aqui. Também vamos criar um aplicativo que funcione de fato, para um melhor acesso aos horários dos ônibus. Queremos, também, criar estações semelhantes às do sistema MOVE de Contagem e BH, para dar mais conforto aos usuários. Outra prioridade é a licitação do transporte de baixa capacidade, que já está pronta, com mais de cem vans para melhorar o transporte, mas não sai do papel.
FVP: Que medidas serão adotadas na área da segurança pública?
DV: Betim é uma das cidades mais violentas do estado, uma das cinco com maior número de casos de feminicídio. Vamos dialogar com o estado para aumentar o número de policiais militares e civis, além de ampliar e valorizar o efetivo da Guarda Municipal. No entanto, não podemos pensar em segurança apenas com mais policiais. Precisamos investir em projetos sociais nas dez regionais da cidade. Acreditamos que a implementação das escolas em tempo integral também ajuda nisso, junto a cursos profissionalizantes. Muitos saem do ensino médio sem perspectivas, e isso os deixa vulneráveis a caminhos errados. Com formação e oportunidades, podemos oferecer um futuro melhor para nossa juventude.
FVP: O que o funcionalismo público deve esperar do seu governo?
DV: Nós vamos valorizar o servidor público em todas as categorias. Pretendemos ampliar o valor do Cesta Servidor e garantir melhores condições para todos. Hoje, há uma grande necessidade de servidores nas mais diversas áreas e vamos realizar concursos periodicamente para suprir essas demandas. Há uma preocupação com a terceirização feita por esse governo, o impacto na saúde financeira do Ipremb. Quanto mais terceirizações forem feitas, menos contribuições haverá para o instituto, o que aumenta o risco dele quebrar nos próximos anos. Isso afetaria aposentados, pensionistas e até mesmo servidores ativos, que podem enfrentar dificuldades para receber seus benefícios.
FVP: Na área da cultura, quais serão as prioridades?
DV: Vamos reabrir e ampliar os Centros Populares de Cultura (CPCs), que hoje estão todos fechados, e finalizar de fato o teatro. Embora tenham dito que o teatro foi concluído, a verdade é que ele não está finalizado. Não possui acústica adequada, os bancos são muito desconfortáveis e o piso ainda é de cimento bruto. Nosso compromisso é concluir essa obra de forma adequada. Além disso, vamos valorizar os artistas da cidade, mantendo um diálogo constante com eles para trazer melhorias para a categoria.
FVP: Quais as principais obras de infraestrutura que o senhor pretende realizar?
DV: Em uma reunião com ciclistas da região, eles expressaram grande insatisfação pela falta de ciclovias e ciclofaixas. Temos o compromisso de expandir essa malha. Outra é concluir o viaduto do Monte Carmo. A situação desse viaduto é um absurdo. Para terminá-lo, será necessário demolir tudo o que foi feito, pois a obra foi mal planejada e executada. A elevação da linha férrea em todos os cruzamentos é fundamental. Nada de trincheira, porque isso vai destruir os comércios locais. Também propomos a revitalização das praças e parques ecológicos, que atualmente estão abandonados. Já com relação ao Rodoanel, temos um traçado proposto pelo estado, que divide alguns bairros, e isso pode causar um grande transtorno; e o outro traçado, defendido pelo prefeito de Betim e de Contagem, passa pela Serra Negra, o que gera preocupações ambientais. Além disso, esse traçado é maior do que o que está sendo considerado pelo estado, resultando em custos mais elevados. Precisamos avaliar qual opção traz o menor impacto para a população e para o meio ambiente. Se for necessário criar um novo traçado, estaremos abertos a isso, mas precisamos que as propostas saiam do papel. Não adianta ficar em um cabo de guerra, puxando para cá e para lá; no final, quem sofre é a população.
Por exemplo, o trânsito entre Betim e Belo Horizonte é um verdadeiro desafio, com pessoas levando até três horas para chegar ao trabalho. Essa situação é inaceitável e precisa ser resolvida o mais rápido possível. Sabemos que essa questão é crucial para a nossa região, a logística é um grande problema. Muitas grandes empresas não vêm para cá por causa dos gargalos que enfrentamos ao passar por Belo Horizonte.
FVP: O que o senhor pensa para o futuro da cidade?
DV: Eu imagino Betim como uma cidade mais humana, mais acolhedora, onde as pessoas não tenham medo de se expressar. Quero uma cidade mais arborizada, com praças bem cuidadas, onde a saúde e educação públicas sejam de qualidade e acessíveis a todos. Uma cidade mais feliz. Não quero viver na cidade mais rica do país, mas sim na melhor cidade do país. Queremos uma Betim onde todos possam prosperar.