Arnaldo Chaves destacou os desafios em relação à saúde, educação e sobre a situação financeira que encontrou ao assumir a prefeitura
Eleito em 2020 pelo PP com 8.969 votos, 42,99% dos votos válidos, o Prefeito de Igarapé, Arnaldo Chaves, assumiu a cidade pela segunda vez, contudo em uma situação bem distinta a de 1991. Para quem assumiu um governo em 2021, a pandemia, com certeza, foi e está sendo um desafio, visto que, além da perda de vidas humanas, consequentemente, agrava e provoca crises em outros setores.
Em entrevista exclusiva à Folha Vale do Paraopeba, Arnaldo, à frente de Igarapé há 120 dias, falou sobre a administração que vem exercendo no município, que é a moradia de 43 mil pessoas, segundo o IBGE.
Durante a conversa, o prefeito destacou os principais desafios que enfrentou desde a transição de governo até os dias atuais em relação à saúde, educação e sobre a situação financeira municipal que encontrou ao assumir a prefeitura. Além de destacar o que planeja para cidade nos próximos anos.
Folha Vale do Paraopeba: Quais foram os principais desafios encontrados nesses primeiros 120 dias de governo?
Arnaldo Chaves: Encontramos uma prefeitura com procedimentos prejudicados, prestação de contas negligenciadas, orçamento anual estourado, uma Lei orçamentária anual defasada, obras paralisadas e mal executadas, além do pico da pandemia mundial em decorrência do novo coronavírus. Entendemos que a população optou pela mudança porque as coisas não estavam funcionando. Nós colocamos como missão devolver a alegria ao povo de Igarapé, com uma administração eficiente e responsável. Nosso desafio inicial, sem demagogias, foi de colocar a casa em ordem, e foi isso que fizemos. Cuidar das pessoas sempre será a prioridade deste governo e por isso posso destacar que o principal dos desafios foi justamente este, trazer para o centro, o amparo e respeito ao cidadão.
FVP: Como você avalia a administração municipal neste período, quais avanços ocorreram?
Arnaldo Chaves: Nosso time de secretariado conseguiu demonstrar, já nos primeiros 120 dias, um equilíbrio muito bom entre ser técnico e humanizado. Por exemplo, em março, o Mês da Mulher, reduzimos drasticamente a fila da demanda reprimida, nos últimos quatro anos, além de realizar inúmeros exames de mamografia e ultrassons. Os canais de comunicação da prefeitura foram potencializados e, hoje, o cidadão acompanha e participa de tudo que o executivo realiza. Os contratos que estavam com gargalos e dificultando o bom andamento de questões importantes foram colocados na mesa, debatidos e, em quase todos os casos, saímos com bons resultados, exemplo disso são as obras de pavimentação e tapa-buracos.
FVP: Quais investimentos a prefeitura tem feito para o enfrentamento à Covid-19?
Arnaldo Chaves: Somente em março, investimos cerca de R$ 1 milhão em equipamentos para enfrentar a pandemia. Ampliamos quadros de funcionários na saúde, nos antecipamos a uma possível queda na entrega de oxigênio devido à dificuldade do fornecedor em garantir os recipientes e investimos nas equipes de fiscalização. Também aumentamos os leitos, compramos respiradores e fomentamos um plano de vacinação responsável. Além das constantes campanhas de conscientização. Todos do governo têm como prioridade esta temática, temos como bandeira o lema de que apenas juntos venceremos a Covid-19.
FVP: Na sua opinião, as ações determinadas pelo Governo de Minas Gerais têm surtido efeito no combate à Covid-19? Se o senhor pudesse decidir individualmente por Igarapé, faria algo diferente?
Arnaldo Chaves: Acredito que todo administrador tenta fazer o seu melhor. Concordo com algumas decisões do Estado, mas vejo uma dificuldade enorme no diálogo com os municípios. Por exemplo, o quantitativo das vacinas que vamos receber, só ficamos sabendo no ato da entrega, impossibilitando, inclusive, um planejamento alinhado a uma divulgação prévia do grupo que será vacinado. Acredito que o equilíbrio entre garantir a saúde e manter a economia girando é o maior dos desafios. O que temos feito para Igarapé é nos dedicarmos incansavelmente na viabilização da compra das vacinas. Esta é a prioridade.
FVP: Como tem sido o diálogo com os comerciantes e empresários da cidade, afetados pelos fechamentos?
Arnaldo Chaves: Temos na cidade o Comitê de Enfrentamento da Covid-19, em que todos os setores comerciais têm seus representantes e direito a expressar as necessidades e apontar o caminho que vamos seguir. O gabinete também sempre está de portas abertas para receber as pessoas para um diálogo. Também, em minhas redes sociais, sempre tento responder aos questionamentos e levar informações precisas de como atuamos. Quando propusemos o fechamento dos supermercados, por exemplo, foi baseado na quantidade significativa de sitiantes que Igarapé recebe aos finais de semana e que, consequentemente, aumenta o número de pessoas circulando nesses espaços. O resultado dessa medida foi a redução de 57% dos casos notificados de coronavírus em relação à semana de pico das notificações. Considero um bom resultado.
FVP: O que o senhor planeja para os próximos meses?
Arnaldo Chaves: A saúde em Igarapé tem finalmente um plano de humanização e melhoria no atendimento sendo colocado em prática. Faremos com que o cidadão seja acolhido e atendido de forma efetiva. A questão da diminuição do tempo de espera para exames e consultas já está sendo colocada em prática e muito em breve viveremos essa realidade. Nossas escolas estão preparadas para o retorno a qualquer momento, várias adaptações já foram realizadas e nossa Secretaria de Educação segue bem próxima às diretrizes que o Estado vem determinando. Nosso diálogo junto aos empresários me faz acreditar que conseguiremos conquistar, ainda neste ano, boas condições para atrair novas empresas e fomentar com dignidade o comércio local, trazendo, assim, mais empregos e renda para nossa gente.
FVP: Sobre os valores que a administração anterior declarou que tinha deixado em caixa. E nos primeiros dias a prefeitura informou que não era condizente com a verdade. O valor real foi apurado?
Arnaldo Chaves: Em comparação com o relatório enviado no último dia da transição, havia saldo que não batia com os extratos bancários, além de outras contas do município não mencionadas. Foram apurados, em mais de 220 contas bancárias, saldos que totalizam cerca de R$ 29 milhões, sendo que cerca de R$ 20 milhões são recursos “carimbados”, que têm destinação obrigatória e determinada na educação, saúde e social e que não podem ser utilizados com novos planejamentos de despesa. Logo, podemos apurar que muitos desses recursos são até de exercícios de anos anteriores, talvez mostrando que não houve eficiência e planejamento em saber utilizá-los, deixando-os parados, enquanto já podiam ter sido aplicados para beneficiar a cidade. Inclusive, em algumas situações, os setores responsáveis pelo repasse de alguns desses recursos já notificaram a administração solicitando devolução devido à sua não aplicação, em alguns casos, os prazos de execução já venceram em 2020 e então já foram perdidos. Estamos empenhados em conseguir renovar esses prazos, se possível, para que o Igarapé não perca recursos que já deveriam ter sido aplicados.
FVP: Gostaria de deixar alguma mensagem para a população igarapeense?
Arnaldo Chaves: Gosto de frisar que respeito muito cada pessoa dessa cidade. Respeito o anseio que elas têm por melhorias e mudanças. E, levanto todos os dias, pautado neste sentimento. Nossa equipe tem se desdobrado incansavelmente por criar soluções para problemas que para nós são inadmissíveis que continuem. Temos desafios gigantes pela frente, mas assim como já começamos uma onda de transformação, vamos continuar até que Igarapé entre, de fato, em um novo rumo.