Residencial do “Minha Casa Minha Vida” foi construído pela Caixa e entregue em 2016
Em Igarapé, as famílias que moram no condomínio residencial Ouro Preto, no bairro Miriti, estão convivendo com o medo constante de que, a qualquer momento, a estrutura dos prédios em que vivem possa desabar.
Isso porque nos últimos meses, diversos apartamentos do residencial vêm apresentando, nitidamente, fissuras e rachaduras que não param de surgir, mesmo depois de reparadas pelos moradores.
Em visita técnica realizada no local, no dia 19 de outubro, pela Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Urbanos, atendendo uma demanda da Defesa Civil de Igarapé que registrou apelo dos moradores do residencial, o engenheiro civil Felipi Guimarães elaborou um laudo durante a vistoria no qual descreve vários problemas recorrentes em todos os sete blocos do empreendimento, que foi construído pela Caixa Econômica e disponibilizado por meio do programa “Minha Casa Minha vida”.
“Foram observadas trincas e fissuras em tetos, paredes e piso além do estufamento do piso do primeiro andar de cada bloco, foi observado também o abatimento do piso e afundamento das caixas de passagem/ gordura”, relata o documento.
Na nota, Filipi ainda destaca “oriento aos moradores que acompanhe a evolução das trincas e caso os problemas venham se agravar que evacuem os prédios”.
Sendo assim, os proprietários têm passado dias de muita apreensão, somado a temporada de chuva que está começando e que pode agravar os problemas.
A Folha Vale do Paraopeba entrou em contato com uma das moradoras do local, a cabeleira Débora de Souza, de 30 anos. Ela destacou que mora no residencial desde 2016, ano da inauguração, e que já nos primeiros dias visualizou rachaduras nas paredes.
A partir disso, ela procurou a Caixa para resolver o problema, porém esclarece que o banco brasileiro nunca consertou a rachadura e que, nos últimos quatro anos, diversas complicações foram surgindo nos apartamentos.
“Estou em pânico. Tenho tomado remédio controlado desde agosto, por medo de que a qualquer momento o prédio possa desabar, como a Defesa Civil e os Bombeiros falaram que estamos correndo risco de vida, e que talvez sejamos deslocados para outro lugar, todos os meus móveis já estão desmontados, só esperando a ordem”, disse a cabeleireira, e continua. “Entretanto, quando a Defesa Civil e a prefeitura contatam a Caixa para que tome uma providência, o banco manda um engenheiro que diz que não ‘tem nenhum risco de vida para gente, que está seguro para morar’. Mas nós moramos aqui, vemos todos os dias a estrutura ficando pior. Faço um apelo à prefeitura também, pois pagamos nosso IPTU em dia e não podemos ficar nessa situação”, finaliza.
Em contato com a Defesa Civil e com a administração municipal, o jornal obteve informações de que para as famílias dos andares 3 e 7, que são os mais afetados, já está sendo feito um cadastro para que caso venha ocorrer a necessidade de locomoção dos moradores, já esteja agilizado essa parte do processo.
Além disso, o coordenador da Defesa Civil do município, Leonardo Costa e Silva, elucidou que caso a Caixa insista em afirmar que não há riscos de vida para as famílias, a prefeitura irá contratar um período especializado, e que se for o caso acionará o banco na justiça.
“É certo dizer que o risco de as casas caírem ainda não foi constatado de forma eminente. Mas é visível que a estrutura está se deteriorando. Porém, nós não temos condições técnicas nem financeiras para confirmar que os prédios irão cair mesmo. Mas estamos preocupados, claro, por isso estamos fazendo o cadastro, e solicitando à Caixa resolver esse problema que pode ser fatal para os proprietários”, disse o coordenador da Defesa Civil.
Ainda de acordo com Leonardo, no último dia 28 um representante do Banco esteve no local para avaliar o empreendimento novamente. O coordenador destaca que até o momento da entrevista não teve acesso ao documento. “Ainda não vi o documento, mas se que a Caixa seguir afirmando que não há risco à vida dos moradores, a Prefeitura de Igarapé deverá procurar uma maneira de contratar um perito específico para este tipo de avaliação, a fim de esclarecermos sobre a gravidade real. Caso seja constatado risco de desabamento, a prefeitura deve entrar em ação judicial contra o banco”, finalizou.
Em resposta à prefeitura, a Caixa Econômica emitiu uma nota na qual revela que, “constatou que apesar dos danos apurados, não há risco para os moradores ou necessidade de desocupação dos apartamentos, considerando que os sete blocos do empreendimento estão com suas estruturas preservadas e não se encontram com risco de queda”.