Arnaldo Chaves destaca aportes na educação e pretende transformar o município em polo turístico gastronômico

Em entrevista exclusiva ao jornal Folha Vale do Paraopeba, o prefeito de Igarapé, Arnaldo Chaves (PP), conta das perspectivas para o futuro do município, além de realizar um balanço de sua gestão. O empresário de 57 anos, que já havia sido prefeito entre 1993 e 1996, retorna ao executivo num cenário totalmente diferente e aposta em infraestrutura e educação para os caminhos da cidade. Também, o município conta com arrecadação e possibilidades de empregos que novos negócios de grande porte podem gerar ao se instalarem na cidade. A volta dos festivais gastronômicos também foi pauta.

Depois de um 2021 com o maior investimento em educação da história de Igarapé, R$ 43 milhões, o prefeito prevê ainda a construção de sete unidades escolares até o fim do mandato. Para infraestrutura, foi conquistado junto à Copasa, uma grande intervenção para ampliação de rede de esgoto e a construção de um Estação de Tratamento de Esgoto, no valor de R$ 64 milhões.

Anunciado pelo governador Romeu Zema, na inauguração do Hospital do Icismep em maio, os investimentos de R$ 800 milhões da empresa MRS para a transformação de Igarapé em um polo de logística de primeira importância na região sudeste prometem transformações no município com o tempo. Fala-se em cerca de 15 mil empregos gerados na cidade desde a construção até a execução. Ainda, os recursos gerados pelo grupo Sada com a expansão do galpão da empresa e a chegada futura da Igar, para reciclagem de veículos, também apontam para o crescimento do município.

A entrevista faz parte de uma série referente aos 500 dias de governo das gestões da região, completados no último dia 16 de maio.

FVP: O que a prefeitura já sabe sobre os investimentos da MRS e como deve impactar o município?

Arnaldo Chaves: O que a gente sabe é que foi aprovado pelo TCU e falta agora a contratação entre governo e MRS. Estão ainda reservados com o trajeto, para isso não gerar especulação ou mesmo alguma ansiedade. Mas até o mês que vem a gente já deve ter informações mais detalhadas.

O governador anunciou 800 milhões de investimento, mas pode ser até mais. Para o município será muito importante, um investimento ao longo dos próximos anos, tanto para a construção quanto para operação. Igarapé vai virar um centro logístico relevante com o terminal de carga. E de carga geral, nesse primeiro momento nem se fala em minério, mas é uma possibilidade real, devido a quantidade de minerações próximas.

A  expectativa é que a ferrovia e o terminal, do início da obra até a execução, gere em torno de 15 mil postos de trabalho. Provavelmente as obras devem se estender entre 5 e 8 anos, com início para 2023. Tudo que pode vir de arrecadação e outros projetos ao redor deste centro logístico são animadores.

FVP: Como a instalação Hospital do Icismep na cidade tem refletido no município e na vida dos moradores?

Arnaldo Chaves: São dois pontos muito importantes pra gente. Primeiro que, por ser aqui na nossa casa, podemos atender melhor nossa gente sem ter que mandar ninguém para fora. A outra é que Igarapé acaba virando um centro de referência desse 65 municípios do consórcio, é um fluxo importante de gente que gera prestação de serviços e traz receitas. Além da expectativa de poder ampliar, porque ele tem condições para isso, trazer mais especialidades e procedimentos. A gente sempre lembra que é um hospital-dia, não tem urgência e emergência, é um local com consultas e procedimentos marcados. Mas quem sabe a gente um dia consiga transformar em um hospital geral.

Para ter uma ideia de como facilitou para a população, se antes tinha uma consulta ou procedimento pela manhã, tinha que sair daqui no transporte das 5h. Se terminasse seu compromisso depois das 10h, só chegava em casa às 19h, quando voltava o transporte da tarde.

FVP: O município tem projetos novos em parceria com o Governo do Estado?

Arnaldo Chaves: Estamos em tratativas direto com a Copasa para alguns investimentos de infraestrutura, de redes interceptoras de esgoto, inclusive com a estação de tratamento (ETE) — que é um contrato já em andamento. Fora isso, a gente tem uma demanda importante de saneamento em uma parte relevante de Igarapé que está na bacia do Serra Azul, que não tem rede de esgoto. Vamos receber o contrato até o mês de junho e a Copasa deve estar contratando ainda esse ano. É uma demanda antiga, mas agora estamos conseguindo desenvolver.

Hoje, todo o esgoto de São Joaquim de Bicas e Igarapé é despejado no Paraopeba, o que é crítico. Isso também é crítico para a Copasa, e agora tendo a ETE, precisa também das redes interceptoras, a rede grossa. Cerca de 42% de Igarapé tem rede de esgoto e zero disso é tratado, e isso vai mudar. Daqui uns dois, três anos, a gente vai ter nosso esgoto tratado e o rio vai parar de receber nosso esgoto in natura. Ano passado mesmo, conseguimos, junto à Copasa, fazer 4 km de rede interna, beneficiando 3.400 pessoas.

FVP: Quais as expectativas para a volta do Igarapé Sabor juntamente do Igarapé Bem Temperado?

Arnaldo Chaves: Foram difíceis esses dois anos de pandemia, mas as coisas estão caminhando bem e as mestras já estão bastante entusiasmadas com o processo. A prefeitura dá suporte e apoio, mas são elas que fazem a captação dos recursos via lei de incentivo. A ideia do Igarapé Bem Temperado, que hoje é Igarapé Sabor, era o resgate da autoestima dessas mestras. Elas tinham um conhecimento que não era valorizado e explorado. Tinha-se o medo que aquela cozinha de raiz, de vó, não fosse passada adiante e, com isso, foi feito todo um trabalho de valorização. Os dois eventos na praça e com as mestras, mas com diferenciais que serão divulgados mais para frente. Acreditamos que essa área tem muito potencial na cidade, queremos fazer de Igarapé um polo turístico gastronômico.

Quais foram as maiores obras do município desde o início da gestão?

Arnaldo Chaves: Olha, às vezes a gente fala de obra física, né? Mas eu posso dizer o que que a gente tem trabalhado muito na reorganização da estrutura administrativa mesmo, da estruturação de equipe, de colocar as pessoas certas no lugar certo. Às vezes você tem dinheiro, você tem as coisas para fazer e não consegue executar por falta de equipe. Então, isso tem sido um trabalho diário nosso. Mas Igarapé sofre muito com falta de infraestrutura. No ano passado, a gente pavimentou 12 km de vias, várias reformas em escolas e postos de saúde. Mas não adianta também pensar só em construir, ampliar, se não cuidar daquilo que a gente tem. Uma preocupação nossa tem sido essa de dar condição e conforto para os cidadãos, usuários, e trabalhar na ampliação. Principalmente na educação.

FVP: Quais seriam outros destaques nesse sentido?

Arnaldo Chaves: Ano passado foi histórico, o maior investimento em educação da história do município, foram R$ 43 milhões investidos. Tanto em reforma, início de construção de novas unidades, compra de equipamentos. Primeira vez com entrega de uniformes completos, casaco, calça e inclusive tênis e meia. O tênis é muito importante, lida com a confiança dos estudantes, que muitas vezes ficam com receio de fazer as atividades por não ter um tênis.

Igarapé tem formado mensalmente dezenas de jovens através dos cursos com o SEBRAE, temos também a reformulação da Sala Mineira do Empreendedor, que ajuda diversos micro e pequenos empresários da cidade. A ampliação do Ceci, com atividades voltadas principalmente às crianças e ao público da melhor idade. Temos também diversos programas vinculados à reciclagem e, hoje, atendemos 80% do município com coleta seletiva. A avenida Alice Silva Couto está prestes a ser liberada das obras e mais de 1.200 lâmpadas de LED foram instaladas e pretendemos que até o ano que vem a gente já tenha 100% de iluminação em LED.

FVP:  Em que fase está a implementação do projeto Mãos Dadas no município?

Arnaldo Chaves: Nós negociamos a entrada para o Mãos Dadas no ano passado com o dinheiro entrando este ano. São R$ 9 milhões para construção de duas novas escolas, além de outros R$ 3 milhões referente ao transporte, como compensação, pois a gente pagava o transporte para os estudantes das escolas estaduais, sem apoio do governo. Nós municipalizamos apenas até o quinto ano e, com isso, assumidas pelo município cerca de 250 alunos. Para o transporte, ainda, devem chegar cerca de R$ 7 milhões do Estado.

Com o aporte do Mãos Dadas, vamos refazer a EMEI do Novo Horizonte, lá também fazer um anexo do 1º ao 5º ano, pois é onde municipalizou e tem esta demanda. E fazer uma escola municipal no Resplendor. Pelo município, com investimento próprio, realizaremos a construção da EMEI do Resplendor e, em fase de projeto, a reestruturação da EMEI do Padre Eustáquio. Ainda, a EMEI e a Escola Municipal do Cidade Nova.

FVP: Como o município vem se preparando para a próxima temporada de chuvas?

Arnaldo Chaves: Se perguntasse no ano passado, a gente ia dizer que estava preparado, então é complicado. O volume foi muito anormal. A gente sabe que tem muitos problemas, são cerca de 150 km de vias sem pavimentação no município. Temos trabalhado pela prevenção e vamos no momento correto estar revisando os pontos críticos. A gente tem uma necessidade muito grande de obras de drenagem pluvial, a cidade foi se ampliando e isso não foi sendo pensado. Já temos um termo de referência para licitação de plano de drenagem para pontos críticos como o Resplendor, na Principal, Miguel Paes. E temos ainda o objetivo de realizar o asfaltamento de mais 10 km de via ainda este ano.

FVP:  Como está o andamento e prioridades na execução dos projetos de reparação da Vale?

Arnaldo Chaves: A canalização de córregos é o projeto prioritário, que é ali a avenida do Córrego Fundo, que já tem um pedaço feito, para chegar até a marginal da BR. Eles aceitaram trabalhar em cima desse escopo, do que já estava sendo feito. É uma obra muito esperada aqui pelo município, vai ajudar a eliminar o gargalo de trânsito, levar crescimento para várias regiões.

A construção de dois postos de saúde visa substituir imóveis que não tem uma estrutura adequada, uma UBS no bairro Roseiras e outra no Fernão Dias — aqui vai estar composto junto a uma praça de entretenimento com quadra, campo society [futebol 7].

Os espaços de lazer previstos estão também no Pousada del Rey, Vivenda Santa Mônica, no Brejo — que é uma comunidade atingida —, no Bela Vista, no Vale do Amanhecer, quase todas regiões vão ser atendidas. Onde já tem, vai ter reforma. O campo do Canarinho que vai se tornar o tão sonhado estádio. Da Vale são cerca de R$ 93 milhões em projetos para entrar.

FVP: Quais expectativas de investimentos privados em Igarapé?

Arnaldo Chaves: A Sada é nossa maior expectativa. Hoje ela tem a capacidade de armazenar 19 mil carros e tem planos para expandir para 27 mil com uma nova área que está construindo. Além disso, ela tem a Igarapé Reciclagens (Igar), que pode reciclar até 1.200 carros por dia e deve começar já a partir deste segundo semestre. Em empregos diretos, seriam apenas 100, neste sentido nossa maior expectativa está nos investimentos da MRS. Mas a arrecadação é um grande impacto, já é nossa maior contribuição de ISS.

FVP: O que não pode deixar de ser feito até o final do mandato?

Arnaldo Chaves: Eu tenho uma preocupação muito grande, a medida que a gente assume esse mandato, de ver que quando você muda de governo a prefeitura parece que volta lá no zero. Quero deixar uma prefeitura que não pare porque trocou de gestão. Agora, uma outra questão de Igarapé é a falta de infraestrutura, deixar a cidade mais preparada para estar recebendo investimentos, mais atrativa para o turista. Com a pandemia, muitas pessoas que moravam fora e tinham Igarapé como referência de final de semana, hoje moram aqui, porque entenderam que a cidade tem condição de atender às suas necessidades.

Que a gente se prepare para receber mais gente. Que a pessoa possa até trabalhar fora, mas volte no fim do dia para Igarapé, com estrutura de educação e comércio para ela fazer daqui sua casa.

 

 

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