Protestos por justiça e reparações marcam os três anos do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG)

A tragédia do rompimento da barragem B1 da Vale em Brumadinho (MG), que deixou 270 mortos – seis ainda desaparecidos – completa três anos nesta terça-feira (25). Apesar dos esforços da mineradora, movimentos populares ainda buscam seus direitos e justiça pelos crimes apontados pelos órgãos envolvidos. Vale e autoridades atuam na reparação, mas ainda há muito o que ser feito. O Ministério Público de Minas Gerais indiciou 16 pessoas por homicídio qualificado das vítimas fatais, mas o caso vive um imbróglio legal entre instâncias estaduais e federais, atrasando os julgamentos.

O rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, aconteceu exatamente às 12h28 do dia 25 de janeiro de 2019, quando muitos funcionários almoçavam no refeitório da empresa, que ficava logo abaixo da estrutura. A ruptura da barragem ocasionou 270 mortes, mas as famílias dos atingidos contam 272 “joias” perdidas, pois duas das vítimas estavam grávidas. Além das vítimas fatais, a bacia do Rio Paraopeba também foi contaminada, trazendo prejuízos às populações ribeirinhas e comunidades indígenas.

Entidades da sociedade civil organizaram eventos para homenagear as vítimas e cobrar por justiça. Hoje, ocorreram missas, protestos e uma entrevista coletiva com representantes da Arquidiocese de Belo Horizonte, movimentos sociais e lideranças comunitárias para falar sobre os três anos da tragédia e as recentes enchentes que afetaram a região. “Pedimos por responsabilização criminal, pelo encontro das seis joias, pelo término da obra do memorial e endurecimento nas leis e cumprimento. Pela não repetição do crime”, pontuou Andresa Rodrigues, presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos do Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (Avabrum).

Segundo a Vale, foram desembolsados, até agora, cerca de R$ 20 bilhões para compensação e reparação dos danos sociais e ambientais causados. Sendo R$ 2,6 bilhões em acordos individuais, indenizações cíveis e trabalhistas de quase 12 mil pessoas atingidas, mais os valores previstos no Acordo de Reparação Integral – incluindo encargos judiciais.

Além dos investimentos citados, outras ações estão sendo realizadas pela Vale desde a tragédia. A empresa elaborou um programa de assistência psicossocial que atendeu cerca de 3,3 mil pessoas desde 2019 e iniciou obras de infraestrutura como a construção do Território-Parque e do Memorial em homenagem às vítimas. Até o momento, foram reflorestados 23 hectares diretamente atingidos pelo rompimento da barragem e estabelecidos 70 pontos de monitoramento das águas do Rio Paraopeba.

A empresa já descaracterizou sete barragens como as que romperam em Mariana e Brumadinho, porém, ainda existem 23 delas no Estado. A empresa prevê que até 2025 nenhuma delas estará em situação crítica e em 2035 serão eliminadas todas as barragens deste tipo.


Confira em nosso próximo jornal impresso (1/2) a matéria completa sobre os três anos da tragédia.

 

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