Talita Cristina de Oliveira quebrou a bacia e o fêmur. A cunhada dela morreu
Já começa a dar os primeiros passos a jovem Talita Cristina de Oliveira, de 15 anos, uma das sobreviventes da tragédia de Brumadinho, no dia 25 de janeiro. O resgate da moça emocionou o mundo, ao ser retirada da lama por dois voluntários e levada por um helicóptero do Corpo de Bombeiros.
O rompimento da barragem completou dois meses no dia 25 de março e já deixou, até o fechamento desta edição, 217 mortos e 84 desaparecidos.
A moça quebrou a bacia, o fêmur direito e teve vários hematomas pelo corpo. Levada para o Hospital de Pronto Socorro João XXIII, em Belo Horizonte, onde ficou internada por cinco dias, ela agora se recupera em um hospital de Betim. De acordo com o pai de criação, José Antônio Soares Pereira, de 46 anos, ela se recupera bem e tem andado devagar, com a ajuda de um andador. “Continua sem previsão de alta, mas o quadro clínico está desenvolvendo bem”, diz. Segundo ele, além do suporte médico a jovem faz sessões diárias de fisioterapia para auxiliar na recuperação.
Talita é irmã da esposa dele, Alessandra, mas era criada pela família como filha. Alessandra também foi levada pela lama de rejeitos da barragem rompida da Vale e sobreviveu. A casa da família ficava na pousada Nova Estância, onde ele trabalhava como supervisor de serviços gerais há dez anos. A filha do casal, Lays Gabriele, de 14 anos, não resistiu e o corpo dela foi encontrado no dia 20 de fevereiro. “Meu anjo que Deus levou”, lamenta. “Na hora do rompimento eu estava em Belo Horizonte e soube por meio de um colega que a barragem tinha rompido. Imediatamente eu voltei para a pousada”, conta.
Emocional abalado
José Antônio conta que a jovem ainda está psicologicamente fragilizada com tudo o que aconteceu. Ela ainda evita conversar a respeito da tragédia. “O que ela contou foi que quando a lama chegou minha esposa gritou e cada uma delas correu para um cômodo da casa. Então, ela sentiu o rejeito subir e tampou o nariz para segurar a respiração. Quando ela chegou à superfície e viu a luz do sol, ouviu um grito muito longe da minha esposa chamando por ela. Foi quando chegaram os dois anjos da guarda, Michel e Alexandre, que resgataram as duas”, disse.
A família está em um hotel com os custos cobertos pela Vale. Por hora, José Antônio afirma que deseja ver Talita recuperada para seguir em frente. “Sinto muita dor, muita tristeza e, ao mesmo tempo, revolta porque a Vale sabia de tudo (dos riscos da barragem) e escondeu, não fez nada para impedir”, lamenta.