O atual prefeito, e também candidato à reeleição, falou sobre oferta de emprego, avaliou a sua gestão e comentou o que deseja para um possível próximo mandato
Na penúltima entrevista com candidatos às prefeituras, a Folha Vale do Paraopeba conversou com o candidato a reeleição em Betim, o atual prefeito, Vittorio Medioli (PSD-55).
Eleito prefeito da cidade em 2016, Vittorio Medioli, de 69 anos, é casado, pai de duas filhas e um empresário de destaque no ramo de transportes no Brasil.
Nascido na cidade de Parma, na Itália, Vittorio vive no país brasileiro desde 1976. Na carreira política, já foi deputado federal por quatro mandatos seguidos, entre 1991 e 2006.
Nesta eleição, o candidato pretende dar continuidade ao trabalho, tendo ao seu lado como vice candidata à prefeitura, Cleusa Lara (PSL). Além do partido da vice e do PSD, Medioli conta com mais 14 siglas de apoio na coligação “Betim do Bem”, na campanha deste ano. São elas: Patriota, PTB, Podemos, PV, PCdoB, PL, Pros, DEM, Republicanos, PTC, Cidadania, Avante, PSC e PP.
Ao jornal, Vittorio respondeu questões sobre prevenção contra chuvas fortes, geração de empregos no “pós-pandemia”, avaliou sua gestão e destacou o que pretende para os próximos quatro anos, caso seja eleito. Confira:
Folha Vale do Paraopeba: Qual é o balanço que o senhor faz da sua gestão até aqui? E quais foram as dificuldades enfrentadas?
Vittorio Medioli: O cenário desfavorável referente às finanças públicas, certamente, foi a nossa grande dificuldade. Assumi uma administração municipal endividada com valores superiores a R$ 2 bilhões, muitos empréstimos a pagar e fornecedores que não queriam mais vender para prefeitura por falta de pagamento. Mais de R$ 270 milhões retidos pelo governo estadual, além da perda de 50% da arrecadação. Hoje, esse endividamento foi reduzido a um terço do que era, devolvendo à cidade a capacidade de investir no que é necessário. Nos últimos quatro anos, conseguimos fazer muito com pouco, e sem adquirir nenhum novo endividamento para o município. Não fizemos nenhum empréstimo e colocamos em prática um amplo plano de responsabilidade fiscal para administrar a cidade.
FVP: Caso seja reeleito, como pretende administrar o município no “pós-pandemia”? Sobretudo com o aumento do desemprego?
Vittorio Medioli: Chegamos ao ponto da pior crise econômica dos últimos 120 anos. Aqui (em Betim) a arrecadação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) caiu consideravelmente. Esse tributo representa 70% da arrecadação geral e, em termos reais, 50%. Hoje a situação melhorou bastante, a FIAT retornou a produzir cerca de 40 mil carros. No Bandeirinhas estão sendo instaladas 45 impressas, com a previsão de gerar 4 mil empregos. Está chegando em breve a fábrica de alimentos da Vilma. E, se o aeroporto for instalado, teremos 300 empreendimentos para gerar empregos. Também há na Via do Icaivera a fundação Betim Tecnologia Avançada. Montada desde 2018, o local irá começar a operar em um parque de 10 milhões de metros quadrados. Nesse empreendimento, 23 empresas já estão em canteiro de obra e outras 22 prestes a iniciar a produção.
FVP: No começo do ano, muitas famílias sofreram com as chuvas fortes em Betim, algumas pessoas até perderam a vida em desabamentos. Como pretende lidar com esse problema que pode volta a ocorrer logo no começo de 2021?
Vittorio Medioli: As enchentes que ocorreram no início do ano, foram sem precedente. Sofremos o maior índice pluvial da história de MG, 300 milímetros de água em dois dias. Diante disso, nós cadastramos todas as famílias em um processo transparente. Primeiro todas que perderam moradia foram colocadas no aluguel social. Em seguida, pretendemos inseri-las em um programa, que é um fundo habitacional municipal. A iniciativa, em análise na Câmara dos Vereadores, já tem 53 casas em construção no Citrolândia, em um local plano. É uma casa em um lote de 90 m², com garagem, sala, lavanderia, dois quartos, cozinha e banheiro. Até o final de outubro, quase todas as unidades estavam prontas. E para essas moradias, já temos um cadastro de 89 famílias que são prioridades, depois mais 10 famílias e tem outras que já vinham do aluguel social. Além daquelas que perderam a casa em dezembro de 2019. O nosso fundo prevê uma prestação para as casas abaixo de R$ 200, nos primeiros anos. Essas prestações representam 20% do valor da casa, que custa cerca de R$ 140 mil. O resto dos recursos vem de emenda orçamentária e contrapartida. Nos primeiros 10 anos, a família não poderá transferir a casa, se mudar o imóvel volta para a prefeitura. Ainda destaco que para as chuvas fortes que podem vir, foram realizadas 23 construções de encostas. As intervenções somaram R$ 23 milhões de investimentos disponibilizados pelo governo federal. A propósito, esse valor já estava disponível para esse objetivo, mas antes de eu assumir em 2017, ninguém tinha ido lá (no Congresso) resgatar o valor para direcioná-lo às obras de segurança contra as chuvas fortes.
FVP: Em caso de reeleição, o que candidato pretende apresentar de diferente nos próximos quatro anos? Quais são seus planos?
Vittorio Medioli: Nosso Plano de Governo para um possível segundo mandato possibilitará que a cidade avance ainda mais, priorizando quatro principais pilares: saúde, principalmente no que diz respeito ao acolhimento inicial das pessoas que mais precisam diretamente do Sistema Único de Saúde (SUS). Transporte, com a melhoria substancial do serviço ofertado aos usuários. Atendimento social à à população mais carente, principalmente por causa das consequências da pandemia e dos efeitos colaterais na economia, sobretudo na empregabilidade da população. E, claro, democratização e aculturamento digital e tecnológico da população. Além disso, daremos sequência ao pacote de obras estruturais já em andamento que contemplam novas creches, unidades de saúde, distritos industriais e avenidas que trarão uma nova realidade à mobilidade urbana na cidade.
FVP: Como está sendo fazer a campanha em um período de pandemia?
Vittorio Medioli: Estamos efetuando uma campanha respeitado as normas de biossegurança. Não temos feito arrastões pelas ruas e nem promovidos eventos presenciais, até porque se outros candidatos têm uma baixa presença de pessoas, onde eu vou é muito difícil controlar o fluxo de pessoas que querem se aproximar para fotos ou conversar. Então mantenho meu contato através do Whatsapp, e-mail e Facebook. E para dar conta de toda demanda de mensagens também conto com uma equipe.
FVP: Na sua opinião, como foi a atuação de Betim no combate à disseminação da Covid-19?
Vittorio Medioli: Betim é dos municípios brasileiros que mais se destacou positivamente no atendimento aos pacientes e à população, neste período de pandemia, obtendo o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde (OMS), por meio de uma visita técnica da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). Além de uma estrutura de ponta montada em tempo recorde que vem garantindo assistência aos infectados e a trabalhadores, como profissionais da saúde e da segurança pública, e também ao grupo de risco, população carcerária, de rua e idosos. Betim também foi destaque na busca de um caminho harmônico entre a saúde e a economia. Entendendo que um não é mais importante que o outro. Como consequência, garantimos que os setores econômicos pudessem funcionar de maneira controlada, obedecendo a regras de biossegurança. Por meio de um monitoramento constante e eficiente, controlamos os níveis de infecção.
FVP: Há alguma mensagem final que o senhor deseja deixar para os leitores?
Vittorio Medioli: Penso que o voto deve ser merecido. Nós fizemos o nosso dever. Usamos honestidade, transparência, competência, eliminamos as fraudes e os cabides de empregos que havia na gestão municipal e ajustamos as condutas. Volto a dizer: fizemos muito com quase nada. Está em andamento em Betim, o maior pacote de obras que a população já viu. Se já não bastasse as dificuldades do período pós-pandemia, agora a justiça insiste em nos obrigar a pagar uma dívida fraudulenta que irá desfalcar os cofres públicos. Mas vamos lutar até o fim. Estamos consolidando a Betim do futuro, reestruturando a oferta de emprego, oportunidade e receita pública que a cidade perdeu. Por isso, Betim precisa da continuidade deste perfil austero e de resultado positivo.