Localizado no Jardim Teresópolis, o espaço visa ampliar oportunidades para os moradores e fortalecer o empreendedorismo periférico
O G10 Favelas, em parceria com a Associação Amigos do Terê, inaugurou um Pavilhão Social e Escritório de Negócios no bairro Jardim Teresópolis, em Betim. A solenidade aconteceu na manhã da última quinta-feira (10) com a presença de autoridades, empreendedores, lideranças comunitárias e moradores da região. O local conta com escritórios para iniciativas de empreendedorismo social e aceleradoras de negócios locais, espaço para encontros comunitários e capacitação profissional.
O espaço, inédito em Minas Gerais, fica na antiga creche da Tia Dulce, no Jardim Teresópolis. O local passou por diversas reformas que contaram com a participação dos alunos de arquitetura da UNA Betim. O Pavilhão Social e Escritório de Negócios abrigará o comitê dos Presidentes de Rua G10 Favelas, as iniciativas Costurando Sonhos Brasil, o Emprega Comunidades, o Favela Xpress e Mãos de Maria, além de uma sala do Sebrae Aqui.
Inauguração
A inauguração contou com a presença de moradores, lideranças comunitárias, empresários parceiros e autoridades locais, como a vice-prefeita e secretária municipal de Assistência Social, Cleusa Lara. O presidente nacional do G10 Favelas, Gilson Rodrigues, também esteve junto do coordenador estadual da organização, Kenedy Alessandro, que acredita no crescimento econômico da região com o funcionamento do pavilhão. “É uma baita oportunidade que a gente vem construindo, essa perspectiva do empreendedorismo social, de fortalecer o comércio local, de poder ajudar os micro e pequenos empreendedores que ainda são informais. Acho que tem tudo para a comunidade crescer, prosperar, criar oportunidades e empregos” disse Kenedy.
Antes da solenidade, ocorreu, também, a entrega de 500 cestas básicas para famílias em situação de vulnerabilidade social da região, cadastradas pelos Presidentes de Rua – lideranças comunitárias responsáveis por comunicar, informar e mapear a situação das famílias da sua localidade. Segundo Kenedy Alessandro, atualmente são cerca de 120 representantes ativos em Betim. “Hoje, através dos Presidentes de Rua, a gente já atendeu mais de 25 mil pessoas desde o início da pandemia. Com o pavilhão, acredito que vamos impactar ainda mais nossa comunidade”, completou o coordenador regional do G10 Favelas.
Virada de chave
Fernando Alves, conhecido como Ganso, é um dos quase 120 Presidentes de Rua de comunidades de Betim, representa 50 famílias de uma região da Morada do Trevo, bairro também próximo à Rodovia Fernão Dias. Fernando enxerga a inauguração do Pavilhão como um novo momento que pode significar muito para os moradores das periferias da cidade. “Momento de valorizar onde a gente mora, o que a gente constrói todo dia. A visão que se tem de fora sobre a comunidade é completamente diferente do que acontece. A gente ajuda a construir a sociedade”, afirmou Ganso.
A nova estrutura do Pavilhão, com escritórios de negócios e possibilidades de aceleração e formalização de pequenos negócios, promete um novo leque de oportunidades para os moradores da região. “É uma virada de chave. Vai garantir que os presidentes de rua e os moradores possam fazer capacitação, ter acesso a empresas. Muito importante para que a gente consiga melhorar a vida das pessoas através do empreendedorismo, do social. Emancipar nossa comunidade”, concluiu Fernando.
Iniciativas de empreendedorismo social
O modelo desenvolvido pelo G10 Favelas é baseado nos projetos realizados na favela de Paraisópolis, na capital paulista, local do primeiro modelo de pavilhão da organização social. No primeiro momento, quatro iniciativas de sucesso estão no espaço de Betim: Mãos de Maria, Emprega Comunidades, Costurando Sonhos e Favela Xpress. Além de contar com um escritório do Sebrae Aqui.
Os projetos que chegam ao Pavilhão Social e Escritório de Negócios são de áreas diversas, como gastronomia, moda, logística e uma agência de empregos voltada para os moradores da periferia. O Emprega Comunidades se propõe como o “Linkedin da Favela”, realiza conexões entre empresas e candidatos da favela, com banco de currículos e contato direto, tanto com os moradores como o empresariado.
Mãos de Maria é um negócio de impacto social na área da gastronomia, com a missão de dar autonomia econômica para as mulheres em situação de vulnerabilidade social. Com capacitação e trabalho, a iniciativa atua com buffet, restaurante e delivery, inclusive com entrega de marmitas sociais.
Outra iniciativa é o Favela Xpress, uma proposta de serviço de entregas para dentro das favelas. Criada para suprir uma demanda que as empresas convencionais não supriam, como realizar as entregas em becos e vielas, melhorando a qualidade de vida de quem vive nas comunidades. Também, atua como fonte de emprego e renda para os próprios moradores.
Criada por Sueli Feio e Nilde Santos, a Costurando Sonhos está ligada ao mercado da moda. Sua proposta é: através da independência financeira, auxiliar mulheres em situação de vulnerabilidade com capacitação profissional. Logo perceberam que o mercado não estava acolhendo as atendidas, pois não se encaixavam no perfil que as empresas queriam. “Como alternativa, a gente criou nossa própria marca, nossos próprios produtos e comercializamos. Temos um negócio social em que a venda é revertida em renda”, disse Sueli. A marca já participou da SP Fashion Week e vestiu a segunda colocada no Miss Universo 2021, Júlia Gama.
Estes negócios sociais estão iniciando seus trabalhos em Betim, cada um com seu tempo. A Costurando Sonhos, por exemplo, fechou uma parceria com o Senai, que vai equipar o espaço, capacitar e certificar as costureiras. “Vamos selecionar as que mais se destacaram para montar a oficina colaborativa e, depois, estas mulheres ajudarão as próximas”, concluiu Sueli Feio.
O espaço recém inaugurado fica na Rua Augusto Severo, 197, Jd. Teresópolis, Betim.