Cobertura vacinal contra doença que está ligada a diversos câncer está abaixo do esperado
O imunizante contra o papilomavírus humano (HPV), oferecido dentro Calendário Nacional de Vacinação para meninos e meninas de 9 a 14 anos, passou a ter, a partir deste mês de abril, esquema vacinal de dose única. A decisão segue a diretriz do Ministério da Saúde, que, baseado em evidências científicas e estudos realizados nos últimos dez anos, verificou que a dose única pode conferir a mesma proteção das duas doses preconizadas anteriormente. A vacina contra o HPV está disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da cidade, das 8h às 17h, e, também, nas ações especiais do Vacimóvel realizadas em escolas do município.
A cobertura vacinal do imunizante contra o HPV, em Betim, está abaixo do esperado. Apenas a primeira dose para o público feminino alcança a meta de 80% estabelecida pelo Ministério da Saúde. Na cobertura acumulada de 2014 a 2023, 88,57% das meninas de 9 a 14 anos receberam a primeira dose e 71,33% receberam a segunda. Já para os meninos de 9 a 14 anos, no mesmo período, o índice de imunização com a primeira dose está em 67,65%, enquanto somente 45,65% completaram o esquema vacinal com a segunda.
“A adoção da estratégia de vacinação em dose única vai ampliar a capacidade de imunização contra o HPV e, com isso, aumentar a cobertura vacinal no município. O objetivo é incentivar a adesão à vacinação, ampliando a proteção da população contra o câncer de colo do útero e outras complicações associadas ao vírus”, destaca a referência técnica em Imunização de Betim, Ana Paula Macedo.
A vacina HPV quadrivalente foi incorporada no Calendário Nacional de Vacinação em 2014 e protege contra os tipos virais 6, 11, 16 e 18. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o HPV é responsável por 90% dos casos de verrugas genitais, 71% dos casos de câncer de colo de útero, e por mais da metade dos casos de outros cânceres, como de pênis, vulva, canal anal, boca e em orofaringe. A infecção pelo vírus também está associada à papilomatose respiratória recorrente (PRR), um tumor não canceroso que costuma afetar as cordas vocais (laringe), causando grave comprometimento clínico e psicológico nos indivíduos afetados.
O imunizante contra o HPV também está disponível na rede SUS para outros grupos prioritários: pessoas que vivem com HIV; pessoas imunossuprimidas, como transplantados de órgãos sólidos e de medula óssea, e pacientes oncológicos; vítimas de abuso sexual de 9 a 45 anos que não tenham tomado a vacina ou estejam com esquema incompleto; e pessoas portadoras de papilomatose respiratória recorrente (PPR).