Constatação é da Superintendência do Trabalho de Minas Gerais

Um relatório apresentado pela Superintendência Regional do Trabalho de Minas Gerais (SRT-MG) no dia 25 de setembro apontou que o aparecimento de água no corpo da barragem da Vale, em Brumadinho, em várias ocasiões contribuiu para o rompimento da estrutura no início do ano.

Segundo o trabalho, problemas na construção desde a implantação da barragem e erosões internas também foram causas da tragédia que provocou a morte de 250 pessoas e deixou outras 20 desaparecidas.

Outro problema foi a medição incorreta dos piezômetros, equipamentos que medem a umidade no corpo da barragem. Por causa disso, não foi possível atualizar a Carta de Risco da Barragem I

“Somando-se a estas irregularidades, várias obras ocorriam simultaneamente nas proximidades, como sondagens para a avaliação da real condição da Barragem I e indicam que o fenômeno de liquefação dos rejeitos ao longo do tempo levou à sua ruptura total”, apontou o relatório.

“Pelo conhecimento desse fator de segurança tão baixo, deveria ter sido acionado o Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração e retirado aqueles trabalhadores de lá, e também avisado a população a jusante do perigo de rompimento da barragem”, pontuou o auditor fiscal do Trabalho, Marcos Botelho.

A Superintendência lavrou 21 Autos de Infração contra a Vale. A empresa ainda pode recorrer.

A investigação da SRT-MG durou oito meses e contou com o trabalho de 10 auditores-fiscais do Trabalho, sendo oito da área de Segurança e Saúde no Trabalho e dois da área de Legislação do Trabalho.

A equipe da fiscalização analisou centenas de documentos, entre relatórios de auditorias, projetos, depoimentos prestados às autoridades e às Comissões Parlamentares de Inquérito da Câmara e do Senado Federal, além de ter realizado visitas ao local do desastre. O relatório tem mais de 400 páginas.

Indiciamento

A Polícia Federal indiciou, no dia 19 de setembro, 13 pessoas pelo rompimento da barragem na mina Córrego do Feijão. São sete funcionários da Vale e seis da empresa de consultoria Tüv Süd, que irão responder pelos crimes de falsidade ideológica e uso de documentos falsos. As duas companhias também vão responder por estes crimes.
De acordo com o inquérito da PF, as empresas omitiram ou mentiram sobre informações a órgãos públicos em pelo menos duas ocasiões, sobre a real situação da estrutura.

Bombeiros encontram mais um corpo

Luciano de Almeida Rocha, de 39 anos. Este é o nome da vítima de número 250 encontrada no último domingo (29) pelo Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG). O corpo de Luciano estava entre cinco e seis quilômetros do ponto do rompimento da barragem a uma profundidade de aproximadamente dois metros, em uma das frentes de trabalho conhecida como Remanso 4.

Ele foi identificado no mesmo dia pela Polícia Civil, após um trabalho de nove horas de perícia. Desde o dia 25 de janeiro, equipes do CBMMG atuam em trabalho ininterrupto na busca pelos corpos das vítimas desaparecidas. Vinte pessoas ainda não foram localizadas.

 

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