Iniciativas promovem projetos que visam levar alimentos às pessoas mais necessitadas
Fome. Palavra pequena, mas que afeta enorme parte da sociedade brasileira. Principalmente em 2021, com o agravamento da pandemia, que aumentou o desemprego, e também pela falta do auxílio emergencial nos primeiros meses do ano.
Dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead-UFMG) indicam que depois de encerrar 2020 acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em 5,03%, a inflação em Belo Horizonte e região começou 2021 em alta.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cresceu 0,93% em janeiro, com destaque para o aumento de alimentos in natura (4,05%), bebidas em bares e restaurantes (3,30%) e alimentação em restaurantes (3,04%).
O custo da cesta básica, que representa os gastos de um trabalhador adulto com a alimentação, também subiu em janeiro deste ano. A alta foi de 1,68% em comparação com dezembro de 2020, e o valor da cesta chegou a custar R$ 576,32. Esse dado sofreu uma baixa, tímida, apenas em março, quando após várias altas consecutivas, esse valor apresentou queda de – 3,24%, custando R$ 552,32 no mês.
Diante da demanda enorme de alimentar os mais necessitados, algumas pessoas se detêm a criar projetos voltados para doações de alimentos. Essa é a realidade de três moradores de Betim.
De mãe para filho
Na cidade, a empresa AC Contabilidade iniciou uma campanha de cestas básicas para famílias carentes com uma doação própria de R$ 10 mil, utilizados na aquisição de 78 cestas grandes, explicou o contador e advogado, Ricardo Coimbra Ribeiro, de 44 anos, funcionário da empresa e morador do bairro Citrolândia. Mas a ideia veio mesmo da mãe dele, Adélia Coimbra, fundadora da empresa há 29 anos.
Segundo Ricardo, após essa primeira etapa, eles resolveram divulgar a ação, desta vez, com o objetivo de arrecadar doações de parceiros. “Após a primeira fase, fizemos a divulgação com o intuito de arrecadar doações e também colher dados de famílias em estado de necessidade. Tivemos bom engajamento de clientes e amigos que fizeram doações. Estamos adquirindo tudo num mercado no Citrolândia, assim ajudamos também o pequeno empreendedor”, comenta.
Com as novas doações, o advogado esclarece que já são 25 cestas básicas pequenas montadas até o momento. E explica que os últimos kits são menores para conseguir ampliar o número de pessoas atendidas e facilitar na entrega.
Ele ainda ressalta que a campanha é voltada para arrecadar alimentos, mas que em algumas localidades, por exemplo, no bairro Serra Dourada, em São Joaquim de Bicas, as pessoas não tinham nem água potável em casa. “Tinha residência com crianças sem água. Então, estamos pensando em como ajudá-las,” conclui.
Quem puder contribuir com alimentos ou valores para campanha podem comparecer com as doações na rua: Avenida Marechal Rondon, 145, Brasiléia.
Ou realizar um depósito no Banco do Brasil, no nome Mercado do Marcos Fernandes; AG: 0750-1; CC: 55699-8 e enviar o comprovante para o Whatsapp (31) 99213-0188. Contribuições por PIX na chave: 08.530.135/0001-70.
Reflexão de vida
O gestor André Falcão, 31, residente no bairro Bom Retiro, decidiu há 8 anos iniciar um programa voltado para recolher doações de produtos de higiene pessoal e limpeza, alimentos, fraldas geriátricas e infantis, de pessoas que podem doar e entregar às que mais precisam.
“O projeto consiste na divulgação, através das redes sociais, de itens básicos que instituições sociais estão precisando. Recebo mensagens e contatos de voluntários que querem ajudar e então encaminho os produtos para os locais que já tenho mapeados”, explica.
Ele também destaca que está em curso uma campanha para entregar alimentos a centenas de pessoas. “Faço essas arrecadações sempre ao longo do ano, mas neste momento estou realizando uma ação tendo três instituições já como destino, que juntas, assistem mais de 600 famílias”, afirma Falcão.
André disse que a iniciativa surgiu quando em um certo momento avaliou que poderia fazer algo a mais na vida além da rotina que enfrentava diariamente, uma auto avaliação, como ele disse. “Isso surgiu da vontade de sair da zona de conforto e começar a ajudar”, pontuou.
Sozinho ou com a esposa, o gestor ressalta que ele mesmo busca as arrecadações e realiza as distribuições. “É importante lembrar de todos que contribuem com a doação dos itens, sem eles, não existiria essa ‘corrente'”, conclui.
Para ajudar André com doações, basta enviar mensagem no Whatsapp (31) 97146- 2779. Ou procurar nas redes sociais por “André Falcão – Política Voluntária”. Doações em dinheiro recebem cupom fiscal para prestação de contas.
Rifa para ajudar
quem precisa
Outra iniciativa que ocorre na região é do empresário e professor de inglês Ricardo Ventura, 27, morador do bairro Guarujá. A intenção dele é arrecadar um valor elevado de dinheiro para convertê-lo em cestas básicas. Para isso, o empresário, em parceria com a loja Ciclofog Bicicletas, está elaborando uma rifa que irá sortear uma bicicleta no valor estimado entre R$ 4 e R$ 5 mil, modelo mountain bike.
“Como recompensa para as pessoas que contribuem, nós pensamos fazer uma rifa solidária no valor de R$ 25, com a meta de arrecadação de R$ 10 mil. O montante será revertido 100% em cestas básicas. Sem lucro para nenhuma das partes envolvidas, pois só queremos abençoar a vida de quem que está passando necessidade neste momento difícil”, explica Ricardo.
Ventura elucida que teve a ideia sozinho e esclarece que a campanha ainda está saindo do papel, mas enfatiza que não demora para se tornar realidade. “Em breve, no meu perfil pessoal do Instagram @rv.englishteacher e no da loja @cliclofog, postaremos todos os detalhes para as pessoas poderem participar”, informa.
Por fim, ele também comenta que optou por recolher valores pois a doação de itens separados às vezes pode dificultar a arrecadação. Sendo assim, ele mesmo decidiu recolher o dinheiro, montar os kits e organizar a entrega quando de fato as cestas estiverem prontas