Antônio Adonis, prefeito de Juatuba, fala sobre os desafios do mandato

Antônio Adônis. Foto: Arquivo/ FVP.

Em mais uma entrevista da série especial com os prefeitos da cidade onde a Folha Vale do Paraopeba circula, o prefeito de Juatuba, Antônio Adônis, empossado no dia 24 de junho, fala sobre a vitória após a eleição suplementar no dia 2 do mesmo mês e dos desafios da uma gestão em pouco mais de um ano.

FVP: Qual o sentimento de ter sido eleito nessa eleição suplementar?
Antônio: É um grande desafio. Você pega uma eleição que ficou na mão de um grupo por seis anos e meio, com a mesma forma de governar. A gente vem e quebra todo esse modelo de administração. É uma quebra de paradigmas, um desafio mesmo. Mas temos muita esperança, muita fé que vai dar certo. Temos um ano e meio para mostrar muita coisa que não foi mostrada em seis anos e meio. Hoje tenho a consciência de que não podemos errar. Por isso vamos formar o Conpur (Conselho Municipal de Políticas Urbanas), com representantes de todos os segmentos na cidade. Vamos fazer um fórum de reuniões pelo menos uma vez por mês para discutir sobre a cidade e trazer a população para dentro da prefeitura.

FVP: Como você encontrou a prefeitura?
Antônio: Encontramos uma situação complicada. Sabemos que vários municípios têm tido problemas com relação ao atraso nos repasses do governo estadual e aqui não foi diferente. Mas havia outras coisas mais graves. Por exemplo: número de comissionados grande demais. Pela Lei de Responsabilidade Fiscal podemos trabalhar com 50% do orçamento para folha de pagamento e encontramos um percentual de 57%. Era uma folha inchada. A prefeitura tinha 250 comissionados. Já demitimos 90, mas vamos demitir mais para baixar a folha para 49% a 50%. Dentro de dois meses no máximo essa situação já vai estar regularizada. Outro problema gravíssimo é a limpeza urbana. A cidade chegou a ficar paralisada nesse sentido, suja, sem coleta, porque a empresa recebia da prefeitura, mas não repassava para os funcionários, pela informação que tivemos. Contratamos uma empresa de forma emergencial e dentro de 90 dias vamos trabalhar para criar uma licitação. Outra situação difícil foi a saúde – área de atuação que vamos dar prioridade número um. Fizemos modificações de gestão da policlínica, orientando pacientes que antes eram casos não emergenciais e poderiam ir para o posto de saúde, agilizando o atendimento. Fizemos manutenção de aparelhos que não estavam funcionando e estamos estudando uma reforma para mudar a aparência, além de trabalhar a humanização do atendimento.

FVP: Como está sendo a transição?
Antônio: Não houve equipe de transição. Foi uma eleição muito rápida e estamos fazendo a transição aqui no governo. Nós temos nove secretarias e um procurador na cidade. Mas estamos funcionando só com um procurador (Luís Fernando Mendes), uma secretária voluntária (Fátima Saliba), que responde pela ação social, e dois secretários nomeados (Marco Antônio e Denise Reis Navarro), que respondem pelas demais secretarias. Atualmente trabalho com meu carro próprio. Dispensei o veículo do prefeito para economizar recursos, pois assim evitamos gastar com motorista, gasolina e valor do aluguel. Vou fazer todos os esforços possíveis para colocar a casa em ordem. Se conseguirmos em até 90 dias vamos virar o ano com uma situação melhor.

FVP: Quais são as suas prioridades de governo?
Antônio: Nossa prioridade número um continua sendo a saúde. Depois queremos trabalhar a questão da infraestrutura porque em Juatuba, sendo uma cidade nova, com menos de 30 anos de emancipação, há muitos bairros na periferia que não têm calçamento. Vamos atuar nessas vias que já têm residências, mas que estão em rua de terra até hoje. Vamos ver se a lei permite criar cooperativas onde colocamos pessoas que estão desempregadas na cidade e fazer pavimentação com bloquetes sextavados, que são ecológicos. Além de ser algo sustentável, vamos valorizar a mão de obra local.

FVP: Quais obras ou projetos devem ser executados até o final do mandato?
Antônio: Há a possibilidade de indenização da Vale a todos os municípios cortados pelo Rio Paraopeba, em virtude do rompimento da barragem em Brumadinho. Juatuba aguarda receber uma parte desse valor e, se isso ocorrer, queremos transformar o terreno onde seria o hospital do câncer infantil em um hospital regional, que beneficiaria toda a região. Temos um prédio construído, mas sem acabamento. Está em um ponto estratégico (às margens da BR-381) e serviria a cerca de 35 cidades, em um raio de 100 quilômetros. A ideia é terminar essa obra com o valor da Vale, que acreditamos ser na ordem de R$ 43 milhões, ou com recursos de um consórcio envolvendo a Icismep e o Cispará (Instituição de Cooperação Intermunicipal do Médio Paraopeba e Consórcio Intermunicipal de Saúde do Alto do Rio Pará, respectivamente).

FVP: Quais são seus projetos políticos futuros?
Antônio: O projeto que tenho é de fazer uma administração boa nesse um ano e meio. Se vermos que está indo bem, que deu certo, e que o povo quer que sejamos candidatos novamente, nós continuaremos. Se não, passaremos o bastão para frente. O que quero mesmo é focar em fazer um bom governo e demonstrar toda a experiência de ter sido secretário em Belo Horizonte em várias gestões.

Além do prefeito de Juatuba, nossa equipe também entrevistou os prefeitos de Betim, Brumadinho, Igarapé e São Joaquim de Bicas. Confira:

Reestruturando Brumadinho após a tragédia – entrevista exclusiva com o prefeito

Vittorio Medioli anuncia novo pacote de obras em Betim

Guto Rezende (DEM), prefeito de São Joaquim de Bicas

Entrevista: Nem (MDB), prefeito de Igarapé