Além dos shows da dupla betinense, Danilo Reis e Rafael, e do grupo de forró, Chama Chuva, atividades culturais, sociais e de educação em saúde também serão promovidas
Começa amanhã e vai até o dia 26 de janeiro, o 27º Concerto Contra o Preconceito na Colônia Santa Isabel. O evento, que ocorre no bairro Citrolândia, em Betim, traz no contexto a luta contra o preconceito e o combate da hanseníase.
A iniciativa é da Prefeitura de Betim, por meio da Fundação Artística-Cultura de Betim (Funarbe), em parceria com o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan Betim), a Associação de Moradores da Colônia Santa Isabel e a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).
Segundo o presidente da (Funarbe), Dudu Braga, muito mais que uma festa, o concerto conta para gerações atuais histórias que fazem parte da memória dos moradores da Colônia Santa Isabel.
“É com muita alegria que realizamos o 27ª Concerto Contra o Preconceito, que terá diversas atividades, que trazem bem-estar, promovem a região e aumentam a autoestima dos moradores da Colônia. Além disso, a festa traz um alerta à população sobre a hanseníase e é um importante movimento de combate ao preconceito”, afirmou Dudu Braga.
Além dos shows da dupla betinense, Danilo Reis e Rafael, e do grupo de forró, Chama Chuva, realizados nos dias 25 e 26, atividades culturais*, sociais e de educação em saúde também serão promovidas, a partir desta terça-feira, na Semana Municipal de Combate ao Preconceito e Ações em Hanseníase.
As intervenções durante o evento são preparadas para esclarecer a população sobre a doença, que tem cura e, se tratada precocemente, não deixa sequelas. E também chamam atenção a respeito do preconceito, que os antigos moradores da Colônia Santa Isabel, onde foi uma das maiores colônias de hanseníase do país, convivem constantemente.
De acordo com o coordenador do Morhan Betim, José Roberto de Oliveira, o Concerto Contra o Preconceito é de suma importância para que as pessoas conheçam a história da Colônia Santa Isabel, além de se informarem sobre a hanseníase. “O concerto abre as portas da Colônia para fazer a integração com a comunidade, mostrando que não há porque ter preconceito. Essa é a maior grandeza do evento”, afirmou José Roberto.
Sobre a Hanseníase
Há muitos anos, essa doença crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae, ou bacila de Hansen, era conhecida como lepra. A partir de 1976, o Ministério da Saúde (MS) passou a denominar como hanseníase. Essa foi uma tentativa de diminuir o preconceito atribuído à doença.
A maneira de ser contaminado com a bactéria é apenas por meio de contato constante com gotículas expelidas pelo enfermo. Os principais sintomas são pequenas manchas de cor esbranquiçada ou avermelhada, com a diminuição da sensibilidade e dormência.
O tratamento da hanseníase é oferecido pelo SUS gratuitamente e, logo quando iniciado, a transmissão é interrompida. E, se realizado de forma completa e correta, o tratamento garante a cura da doença.
Segundo o MS, o Brasil ocupa a 2ª posição do mundo, entre os países que registram casos novos de hanseníase. Em razão da alta incidência, a doença permanece como um importante problema de saúde pública no país.
De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde de Betim, foram registrados 6 casos de hanseníase em residentes no município em 2019, quase três vezes a menos que no ano de 2018, quando foram registrados 17 casos, o maior número nos últimos cinco anos.
A Colônia Santa Isabel
Construída como alternativa para o controle da hanseníase, crescente no Brasil na década de 1920, a Colônia Santa Isabel recebia pacientes portadores da doença do Estado de Minas Gerais e de outras regiões do país. Por meio da ação de “médicos caçadores”, os enfermos eram isolados do convívio social, separados de suas famílias e internados compulsoriamente no hospital, inaugurado em 1931.
Mais tarde, próximo à Colônia, surgiu o bairro Citrolândia, criado especialmente para abrigar familiares dos pacientes. Por vários anos, os moradores da região sofreram com o preconceito. Somente no fim da década de 1980, com a mudança da política nacional em relação às 33 colônias de hansenianos existentes no Brasil, os pacientes receberam alta e os portões da Colônia Santa Isabel foram abertos.
*Confira a programação completa do 27º Concerto Contra o Preconceito na Colônia Santa Isabel:
DIA 21 DE JANEIRO
Abertura da exposição: Tributo a Roberto Pereira, Betão, mais Café da Memória às 8h, no Centro de Memória e Ação em Hanseníase Luiz Vergani.
DIA 22 DE JANEIRO
Blitz Educativa sobre hanseníase às 9h, no Centro de Betim, no cruzamento das avenidas Governador Valadares e Amazonas.
Cine Funarbe às 18h30, nas praça da Matriz da Colônia Santa Isabel
DIA 24 DE JANEIRO
Seminário Desafios da Hanseníase: Passado, presente e Futuro das 9h às 17h, no Centro de Memória e Ação em Hanseníase Luiz Vergani.
Forró Sem Preconceito – Terceira Idade – às 14h.
Apresentação teatral do Grupo Akawan – Uma história em 4 destempos, às 19h no Cine Teatro Glória. Na sequência, a exibição do documentário “Filhos Separados pela Injustiça”.
DIA 25 DE JANEIRO
Caminhada com o grupo Guerreiros das Gerais do Bandeirinhas à Colônia Santa Isabel, às 7h, concentração na rotatória do Verdurão, no Bairro Bandeirinhas.
Shows na Praça da Matriz da Colônia Santa Isabel de Tony e Helton às 19h30. Na sequência, às 21h, a dupla Danilo Reis e Rafael sobe ao palco.
DIA 26 DE JANEIRO
Missa em Ação de Graças às pessoas acometidas pela hanseníase, às 8h, na Paróquia de Santa Isabel.
Passeio Ciclístico Sem Preconceito, às 10h, praça da Matriz da Colônia Santa Isabel.
Torneio de Truco Sem Preconceito às 14h.
Grito de carnaval sem preconceito – apresentação dos grupos Unidos do Liberato e Cueca do Avesso às 15h, na Praça da Matriz da Colônia Santa Isabel.
Shows na Praça da Matriz da Colônia Santa Isabel às 16h, com o grupo Obsessão. Às 17h, com Amantes do Samba. Logo depois, às 19h30, Chama Chuva e às 21h30 o músico Lucas Barbosa.