Atualmente, Betim conta com 322 pessoas curadas na cidade, uma boa notícia diante da pandemia mundial

Gabrielly Dias, Maria Luiza dos Reis e Luciana Aparecida talvez nunca tenham se visto pessoalmente. Entretanto, passaram a ter algo em comum. As três mulheres estão entre as 322* pessoas curadas da doença em Betim.

A auxiliar de produção e moradora do bairro Teresópolis, Gabrielly Dias, de 21 anos, deu entrada no CTI do Centro de Cuidados Intensivos (Cecovid-4), no Centro-Materno, no dia 26 de maio, e ficou internada por 18 dias. Após apresentar melhoras, permaneceu mais seis no leito hospitalar. Apenas quando Gabrielly estava no quarto houve contato com a família por meio de vídeo chamada.

Tentamos conversar com Gabrielly, mas seu irmão, Marco Aurélio, 29, informou que a irmã, que não era portadora de doenças crônicas, estava realizando hemodiálise e que ainda se encontrava sem condições de falar. “Por conta da doença, minha irmã teve os rins e os pulmões afetados, e agora está realizando hemodiálise”, disse. “Mas foi inexplicável ver ela curada depois de tudo. Deixo o agradecimento a Deus e aos médicos. Também quero pedir às pessoas que se cuidem, essa doença não é brincadeira”, finaliza

O jovem informou que ninguém na casa onde a irmã mora foi diagnosticado com a Covid-19, e que, até o momento da entrevista, a prefeitura não havia testado os outros moradores.

Depois de passar oito dias no CTI do Cecovid-4, a dona de casa Maria Luiza dos Reis Pereira, 57, não sabe afirmar onde foi contaminada, mas acredita ter sido em uma viagem que fez de Vitória-BA até Betim, para a casa de uma das filhas, que mora no bairro Jardim das Alterosas.

Antes de ser diagnosticada com Covid-19, Maria Luiza procurou um médico que alegou que ela estava com sinusite, o que não era verdade. Foto: Prefeitura de Betim.

“Eu estava sentindo muita falta de ar, tossindo seco e com uma febre acompanhada de uma canseira sem fim, aí procurei atendimento no Guanabara, no PTB. Lá, o doutor me disse que eu estava com sinusite aguda, fiquei mais de uma semana tomando muitos remédios e nada de melhorar”, disse Maria.

Depois de ser aconselhada por outra filha a fazer o teste de Covid-19 numa farmácia, Maria teve o resultado positivo e foi levada pelo marido para a UAI Alterosa no dia 12 de junho. Um dia depois a senhora estava sendo transferida para o hospital de campanha no Clube da Fiat. “Lá, fui medicada, mas as dores persistem. Então me levaram para o Cecovid-4, onde fiquei no CTI oito dias. Graças a Deus ninguém da minha família foi infectado”, disse.

Apesar de curada, Maria teve 25% do pulmão afetado por conta da doença e afirmou não ser portadora de nenhuma doença crônica. “Quero deixar registrado que essa doença não é brincadeira. Ela matou um amigo meu internado em três dias. Todos devem se cuidar”, finalizou.

A monitora de transporte escolar, Luciana Aparecida da Silva Messias Pereira, 42, é moradora de Esmeralda, porém ficou internada por cerca de 10 dias no CTI do Cecovid-4.

Luciana também não faz ideia de como foi infectada, já que desde o início da quarentena está sem trabalhar e segue à risca a medida de isolamento social. Fonte: Arquivo Pessoal.

Luciana também não faz ideia de como foi infectada, já que desde o início da quarentena está sem trabalhar e segue à risca a medida de isolamento social. Contudo, desde maio, já vinha tratando uma pneumonia em alguns hospitais, locais que ela supõe ter sido a fonte da contaminação.

“Quando tive a confirmação, fui encaminhada para hospital de campanha de Esmeralda. Dois dias depois me transferiram para o hospital de campanha da Fiat, e no dia 16 de junho cheguei ao CTI do Cecovid-4. Sai de lá no dia 27”, afirma.

O marido de Luciana e os filhos ficaram em quarentena por 15 dias e não apresentaram sintomas graves da doença.

A monitora escolar ressalta que estar curada é um milagre de Deus. E que se sentia muito sozinha durante a internação. “Eu estava ainda com pneumonia e tive anemia o que me levou a fazer duas transfusões de sangue. No CTI a sensação era horrível, por que não podíamos ser tocados, nem pelos profissionais da saúde. Me sentia sozinha. Agora estou melhor, mais ainda sigo tratando a pneumonia”, disse.

No hospital de campanha, Luciana percebeu que o local, apesar de oferecer um bom tratamento, não conta com uma alimentação nutritiva. “No almoço e na janta não há uma fruta ou uma salada para acompanhar. Os pacientes de Covid-19 têm baixa em potássio, comer banana ou tomar água de coco ajuda muito. Então decidi começar uma campanha para conseguir doações”, finaliza Luciana.

As pessoas que tiverem interesse em ajudar com as doações, podem ligar no telefone: (31) 9 9778-4539.

*O dado está de acordo com o último boletim epidemiológico fornecido pela Prefeitura de Betim no dia 30 de junho. 

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