Pessoas desalojadas, água contaminada e estradas interditadas são problemas no município
Mesmo sem precipitações significativas desde o dia 12 de janeiro, os transtornos causados pelas fortes chuvas e enchentes da semana passada ainda fazem parte da realidade do município de Brumadinho. Segundo dados da Prefeitura (do dia 18/01), entre desalojados e desabrigados, mais de 1.700 pessoas ainda não puderam voltar para suas casas. Os danos causados nas estradas do município ainda não foram todos reparados, existindo ainda cinco pontos de interdição. Outra questão envolvendo as enchentes é a possível presença de materiais tóxicos residuais da mineração na água e lama do Rio Paraopeba, o que resultou em uma notificação à Vale pelo governo de Minas Gerais. As equipes de limpeza da Prefeitura ainda trabalham na remoção de barro de áreas da cidade.
Assistência à população
Mesmo uma semana depois do fim das chuvas, muitos moradores de Brumadinho seguem sem poder voltar para casa devido aos danos causados pelos temporais. Essas famílias estão sendo atendidas por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, através da equipe do Centro de Referência em Assistência Social Especializado em Calamidades (CRASEC-Saúde) e da Defesa Civil Municipal.
O município tem assistido aos atingidos pelas enchentes com oferta de abrigo, alimentação, kits de limpeza, EPI’s, doação de roupas e colchões. “É um trabalho árduo, mas estamos fazendo todos os esforços para chegar a todas as pessoas e atender àquelas que nos procuram”, relatou a secretária municipal de Desenvolvimento Social, Christiane Passos. As ações de assistência do município contam com apoio da comunidade, tanto por doações de instituições locais como apoio de cidadãos voluntários.
Segundo dados levantados pela prefeitura, mais de 3 mil pessoas foram assistidas pelo CRASEC-Saúde e 1.701 moradores de Brumadinho ainda não haviam voltado para casa até terça-feira (18), sendo 141 desabrigados e 1.560 desalojados.
Interdições nas estradas
Desde o fim das chuvas que devastaram a região, a Defesa Civil Municipal e a Prefeitura trabalharam em conjunto na avaliação dos danos estruturais tanto na parte urbana como no interior do município. “Já identificamos a queda de pontes e danos nas estradas, mas ainda vamos fazer um trabalho detalhado para avaliar as estruturas”, disse o coordenador da Defesa Civil Municipal, Lucas Romário Lara.
Com isso, o poder público local optou pela interdição total ou parcial de algumas vias, sem previsão para liberação dos trechos.
Confira os pontos interditados:
1 – Interdição total na estrada entre o condomínio Retiro do Chalé e o Topo do Mundo: risco de desabamento. Caminhos alternativos: Casa Branca ou Piedade do Paraopeba.
2 – Interdição parcial: uma faixa da rotatória do Terminal Serra Azul (TSA), na estrada que liga a Ponte dos Caminhoneiros à São Joaquim de Bicas.
3 – Ponte interditada na Rua Belmiro Pinto Brandão, em Conceição de Itaguá: estrutura comprometida.
4 – Interdição total na estrada entre Maricota até a ponte de arame: queda de ponte. Desvio sinalizado.
5 – Interdição total na estrada entre Coronel Eurico e a Toca: grande erosão na pista.
Água contaminada
Com as enchentes, o rio Paraopeba subiu a ponto de causar diversos alagamentos na região, afetando vias públicas e residências de Brumadinho. Sabendo dos problemas de contaminação por materiais tóxicos residuais da mineração nas águas do rio – como mostra o boletim mensal da Fundação Estadual do Meio Ambiente –, na segunda-feira (17/01), as autoridades locais realizaram uma coleta de amostras de água e lama para análise laboratorial juntamente de outros municípios atingidos.
O coordenador do Departamento de Avaliações e Perícias da Prefeitura de Brumadinho, Cristiano da Silva, destaca a preocupação com a presença destes materiais nas amostras. “A Prefeitura de Brumadinho junto ao Secretário de Saúde, Eduardo Callegari, aguarda o resultado do laboratório para estudar as melhores medidas para que a saúde da população não seja prejudicada caso haja presença de algum material tóxico nas amostras”, disse o coordenador.
A movimentação dos municípios atingidos teve repercussões. Na terça-feira (18/01), O Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema), por meio do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), notificou a mineradora Vale para adoção de medidas nas áreas impactadas pelas últimas chuvas na região do rio Paraopeba. A empresa terá que iniciar as atividades de remoção e limpeza listadas de forma imediata e apresentar um plano de ação em cinco dias, segundo a notificação.
Em nota, a Vale relatou que acompanha a situação das áreas alagadas em decorrência das fortes chuvas que atingiram a bacia do Paraopeba nas últimas semanas.