Guto Resende tem como principal objetivo fazer do município referência regional em educação e revela processo de implementação do programa Olho Vivo
Em entrevista exclusiva ao jornal Folha Vale do Paraopeba, o prefeito de São Joaquim de Bicas, Guto Resende (UNIÃO), fez um balanço de sua gestão e apontou alguns caminhos para o futuro do município. Já em seu segundo mandato, o advogado de 39 anos contou que espera investimentos de mais de R$ 300 milhões para o município nos próximos três anos e mira em um projeto ousado para a educação municipal: escola integral para todos. Também, divulgou em primeira mão que São Joaquim de Bicas se prepara para implementar o programa Olho Vivo.
Entre os recursos previstos estão os R$ 153 milhões do plano de recuperação integral da Vale para pavimentação de vias, construção de UBS e escolas municipais; mais R$ 85 milhões do projeto Mãos Dadas do Governo do Estado, para a criação de dez escolas municipais de tempo integral; R$ 30 milhões provenientes de financiamento pela Caixa para obras de infraestrutura; R$ 23 milhões em recursos próprios, também para
infraestrutura; R$ 10 milhões para construção de casas populares e R$ 2,5 milhões para melhorias do Estádio José Vieira, ambos financiados pelo BDMG. Com isso, o prefeito espera que a população de São Joaquim de Bicas possa dobrar nos próximos anos, devido às melhorias na qualidade de vida dos moradores do município.
A entrevista faz parte de uma série referente aos 500 dias de governo das gestões da região, completados no último dia 16 de maio.
Folha Vale do Paraopeba: No último dia 17, em visita do governador Romeu Zema ao município, celebrou-se a entrada de São Joaquim de Bicas no projeto Mãos Dadas, como se dará essa parceria?
Guto Resende: O projeto Mãos Dadas, no primeiro momento, veio com uma proposta não tão atrativa para a cidade. Na segunda reunião, expusemos nossas reivindicações e chegou-se ao consenso que o Estado teria que passar R$ 85 milhões para construção de dez escolas. O objetivo é maximizar o número de matrículas integrais, dando um ensino de maior qualidade e implementar aquilo que a gente sonha: escola integral para todos. Também, possibilitará a regionalização da educação, diminuindo a demanda e o tempo dos meninos no transporte escolar, estudando perto de casa. Construir dez escolas não nasce do dia pra noite, então o Estado e a prefeitura tem um pré-acordo de três anos pra gente ir construindo as unidades.
FVP: O governador esteve na região para a inauguração do hospital do Icismep, instituição a qual o senhor preside, como está o funcionamento da unidade e o que falta?
Guto Resende: Tive a grata satisfação de conversar com o secretário executivo do Icismep esses dias e ele me relatou que, só de São Joaquim de Bicas, 40 pessoas já foram operadas no hospital em menos de uma semana. Hoje, já temos quatro blocos cirúrgicos funcionando e ainda vamos comprar outros materiais para o hospital. O objetivo é atender mil pessoas por dia, 800 operações por mês, um número elevado para nossa região. Nós temos o sonho de fazer o CTI no hospital, que é o próximo passo para atender uma maior demanda.
FVP: Quais são as prioridades dos projetos a serem executados pela Vale?
Guto Resende: O comitê gestor aprovou nossa lista de demandas, não só aprovou como parabenizou pela organização. Quando falamos que uma obra ficava em tal valor, era porque realmente nós realizamos uma análise técnica que apontava para aquele valor. As três principais obras são de pavimentação: interligação da BR 381 e BR 262, o Vale do Sol e Boa Esperança. Essas são as três obras que encabeçam uma lista de R$ 153 milhões a serem investidos no município.
FVP: Como o município tem se preparado para a próxima temporada de chuvas?
Guto Resende: Nós já nos preparamos muito bem do ponto de vista histórico. Se pegarmos desde 2017, tivemos pouquíssimos problemas no Vila Rica, Bandeirantes e Pousada das Rosas, onde nossa gestão asfaltou. Uma questão importantíssima é que todo projeto de asfaltamento tem de ter rede de coleta pluvial, se não tiver, joga o asfalto fora. Em gestão anteriores, não se pensava nisso. Mudou o jeito de pensar, por isso a gente consegiu ter um número menor do que poderia ter. E agora, para as obras da Vale é obrigatório o equipamento de coleta de chuva, a tendência é diminuir.
FVP: Qual foi a obra de maior impacto da gestão?
Guto Resende: Uma obra que ninguém fala muito, e acho que é a mais impactante, é a do saneamento básico. Nós levamos água para mais de 10 mil pessoas dessa cidade. Quando assumi, 66% tinha água encanada, o resto tinha com caminhão pipa. Agora temos 99,5% com água encanada e o objetivo é 100%. A partir do momento que você faz isso, você leva saúde.
FVP: Alguma obra por vir?
Guto Resende: Destacaria uma escola de contraturno que construiremos no Complexo Didi Gouveia. Compramos os lotes vizinhos, vamos construir uma escola de referência regional. Para os alunos ficarem no contraturno na escola, não só para estudar português e matemática, mas jogar bola, fazer aula de dança, de teatro. Temos o projeto de construir uma piscina, ter aulas de natação. Um local onde o aluno vai ser muito bem cuidado. Inclusive, mudamos o slogan da prefeitura pensando nisso. Antes era “o futuro a gente faz agora”, porque sentia que o tempo urgia, precisava mexer para transformar a cidade. Com muito já feito, agora o slogan é “cuidando da nossa gente”. O objetivo agora é cuidar do aluno, cuidar cada vez mais dos idosos, cuidar da saúde, para que essa revolução seja cultural. Vamos virar referência por ter feito e ter cuidado do nosso povo. Ouso em sonhar que em três ou quatro anos bem trabalhados, São Joaquim de Bicas dobre sua população. Vai ter uma migração social muito grande se a gente conseguir fazer o que a gente sonha, porque vai ter uma qualidade de vida boa, normalmente as pessoas vão para onde é bom morar.
FVP: Alguma outra novidade?
Guto Resende: Vou dar a exclusividade para vocês, vamos implementar o Olho Vivo na cidade. Está em fase de negociação e contratação, mas estamos levantando para implementar. Vamos instalar de 20 a 25 câmeras espalhadas pela cidade com uma central. Câmeras com a possibilidade de fazer leitura facial das pessoas e também ler placas. Se chega um carro estranho, o próprio computador já vai indicar, integrado com a polícia. Com isso, vamos fechar os pontos de entrada da cidade com esse tipo de câmera e instalar alguns pontos de monitoramento.
FVP: Como a gestão avalia a implementação do ônibus Expressinho 0800?
Guto Resende: Nos orgulha muito, nós temos uma cidade com 35 mil habitantes e no último mês transportamos 41 mil na roleta. Eu tenho de dar os louros para o secretário de Obras, Ademir, por ter me auxiliado muito na origem desse projeto. Sonhamos que era possível fazer e ousamos em fazer. Nosso comércio melhorou muito, as pessoas estão tendo condições de sair de casa, ir a um supermercado, ir ao açougue aqui no centro e voltar para casa. Aquele trabalhador que gastava até 40 reais para transportar a família, hoje não gasta isso e acaba comprando um chinelo, uma sandália, um cachorro quente, um refrigerante para o próprio menino dele. Óbvio que a gente quer melhorias. Inclusive vamos abrir mais uma linha para o Nazaré, Primavera e Vale do Sol, porque o ônibus de lá está vindo muito cheio.
FVP: E a Praça da Promessa, como a gestão avalia?
Guto Resende: A praça é nosso ponto de referência e nosso orgulho. Quem viveu aqui nos últimos 40 sabe da reclamação: “uma cidade que não tem praça”. De fato precisava, tanto que se você for no final de semana está cheio, lotado. Eu gosto muito quando as coisas ficam cheias, significa que acertamos. O nome Praça da Promessa leva esse nome para referendar nossa história, porque todo mundo prometia fazer e não fazia. Era quase obrigatório em todo plano de governo. Mas hoje é um orgulho, a gente vê os meninos brincando, festas, festivais.
FVP: Em sua análise, qual seria o maior feito da gestão?
Guto Resende: O maior feito da gestão foi saber administrar. Sem dinheiro você não faz nada. A primeira coisa foi cortar o desperdício. Gerenciar uma dívida de 23 mi não é fácil, de curto prazo. A partir do momento que você administra e começa a ter resultado positivo, ficando azul a conta, a gente começa a investir. Eu lembro que quando eu assumi, fui na usina de reciclagem e a esteira de lixo corria muito rápido e com isso não dava tempo do pessoal fazer a seleção do material reciclável. Apenas apertar um parafuso ali economizou 23 mil reais por mês. Não tem solução mágica, é conta na caneta, é sentar e ver o que está acontecendo.
FVP: O que não pode deixar de ser feito até o final do mandato?
Guto Resende: O que a gente não pode deixar de fazer ainda é mexer fortemente na educação. É o momento que a gente não pode perder. Dar oportunidades para os filhos das pessoas, que muitas vezes não tiveram, mas seus filhos vão ter. Com educação a gente conserta o mundo e conserta uma cidade.