De acordo com a Copasa, a nova taxa de cobrança é uma norma da ARSAE, agência reguladora.
Com preços bem acima da média que estavam acostumados a pagar, moradores de Igarapé ficaram assustados com os valores das novas contas de água. Washington Robert, síndico de um condomínio no município, conta que alguns ajustes no orçamento do imóvel precisam ser feitos, devido à recente alta no preço da cobrança mensal. “Infelizmente, ou aumentamos o valor que cada morador terá que contribuir ou reajustes administrativos terão que ser feitos” diz.
O prédio de Washington possui 131 apartamentos. Entre setembro e outubro deste ano (que se refere ao consumo de julho e agosto), a conta de água do estabelecimento residencial aumentou 40%. A conta que venceu em setembro (referente ao consumo de julho), por exemplo, veio no valor de R$ 5.380,66, já a conta que vence este mês (referente ao consumo de agosto), fechou em R$ 7.527,92.
Detalhe, o consumo da conta referente a agosto foi menor que o consumido no mês anterior. Em julho foram consumidos 934 mil litros de água, já em agosto o consumo do condomínio foi de 894 mil litros. Mesmo assim, a conta veio com um acréscimo de R$ 2.147,26.
O motivo do aumento, na conta de água, refere-se principalmente à mudança de cálculo na cobrança da tarifa de esgoto. Segundo apuramos, antes a taxa se referia a 25% do valor do consumo de água. A partir desse mês, a cobrança veio referente a quase 71% do valor da conta de água. No exemplo das contas acima, o valor referente à tarifa de esgoto, subiu de R$ 1.078,34 (referente a julho) para R$ 3.118,94 (referente a agosto). Ou seja, o valor da taxa de esgoto quase triplicou.
Segundo a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) a cobrança é uma exigência da Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae-MG). A organização é responsável por manter e monitorar os serviços de água e esgoto em MG e que essa revisão na tarifa realizada de quatro em quatro anos é necessária.
Washington ainda completa, “o aumento é recente e não teve aviso prévio, o que dificulta o planejamento. Só passamos a ter conhecimento quando a conta chegou”. No último dia 7 de outubro, o síndico se reuniu com a diretoria da ARSAE para discutir os trâmites da questão e entrarem em um possível consenso.
“Apresentamos os problemas de serviço da Copasa no município, como: falta de água constante e poluição de nascentes com esgoto. Questionamos o aumento excessivo na conta de água. Contextualizamos o cenário nacional, onde todas as contas estão aumentando, famílias com dificuldades e muitas até passando fome, que não seria o momento para o reajuste”, ressalta.
A agência disse ao morador que não há o que fazer em relação a isso. Segundo Washington, “eles se basearam em estudo. No momento, dependemos de decisão judicial para que a taxa volte ao valor antigo, caso contrário, uma nova revisão na tarifa será feita somente daqui 4 anos”.
Segundo nota enviada pela Copasa à nossa reportagem, “a tarifa foi unificada e deixou de ter a diferença entre quem tinha apenas a coleta do esgoto e quem tinha coleta e o tratamento do esgoto. Mesmo tendo apontado caminho diferente nas discussões sobre a tarifa, a Copasa ressalta que é obrigada a seguir a determinação da Arsae-MG, que é a responsável pelo reajuste das tarifas aplicadas pela Companhia”.
Falta de Água
Outro questionamento que os moradores de Igarapé vêm registrando é a escassez de água, o que, na prática, não deveria acontecer, já que a população está pagando mais caro para ter água potável em casa. Washington conta que em alguns bairros, os cidadãos chegaram a ficar até 8 dias sem água.
Copasa envia relação de obras à prefeitura
A Copasa enviou à Prefeitura de Igarapé, o relatório dos serviços e obras feitos no município em setembro, para melhorar o abastecimento de água. Segundo o que consta no documento, na sede, foi feita a substituição de quatro ventosas na adutora local.
As ventosas são dispositivos instalados nos pontos altos para tirar o ar que se forma dentro da rede e impede a vazão de água. Com a troca, a água passou a circular sem interrupção e melhorou o abastecimento na região.
Também no Ouro Velho, a substituição do conjunto de bombas antigo, com capacidade de 18 litros por segundo, por um equipamento mais potente aumentou o bombeamento para 25 litros por segundo. Isto permite que chegue maior volume de água nos imóveis. A Copasa anunciou que, neste trecho, em breve, serão feitas novas intervenções para ampliar a capacidade para 30 litros por segundo.
No São Mateus, inicialmente, foi implantado um booster container para ampliar a pressurização da água e o abastecimento da região, que era servida por caminhões-pipa. Mas, em seguida, o booster foi retirado porque foram feitas, paralelamente, obras que aumentaram a vazão no Jequitibá e possibilitou levar o abastecimento até o São Mateus.
A empresa também anunciou que a construção de, aproximadamente, 500 metros de rede com diâmetro de 150 mm, no Maracanã Industrial/Cidade Nova já está quase finalizada. A ampliação da rede vai beneficiar aproximadamente 1270 imóveis.